A edição de maio do Rascunho — primeira depois do aniversário de 22 anos do jornal — já está no ar e sendo enviada impressa para assinantes. Se quiser fazer parte da história do jornal de literatura do Brasil, escolha um plano de assinatura aqui ou escreva para [email protected]. A arte da capa é de Paula Calleja.
O número 265 traz entrevista com a norte-americana Sigrid Nunez, autora dos romances O que você está enfrentando, traduzido para o português neste ano, e O amigo, vencedor do National Book Award 2018.
Na conversa, conduzida por JoĂŁo Lucas Dusi e traduzida por Vivian Schlesinger, a ficcionista fala de seu livro mais recente, diz o que mudou em sua vida apĂłs ganhar o prĂŞmio e compartilha um pouco de sua vasta experiĂŞncia como professora de escrita.
“Um conselho que sempre dou a escritores iniciantes Ă© que leiam o máximo possĂvel. É assim que se aprende a escrever, nĂŁo fazendo cursos ou participando de encontros literários, mas lendo outros autores”, diz.
O outro bate-papo da edição Ă© com o escritor e mĂşsico Tony Bellotto, autor do romance Dom — adaptado para uma sĂ©rie original da Amazon Prime Video, criada por Breno Silveira e com Gabriel Leone no papel principal. “Minha obsessĂŁo literária Ă© a famĂlia”, conta no InquĂ©rito. “Minha mania Ă© reler, reler, reler.”
Ensaios e resenhas
No ensaio Revolução em forma de mulher, a paulista Giovana Proença mostra como PatrĂcia GalvĂŁo, a Pagu, está em cena novamente. Para isso, analisa a reedição de Parque industrial, considerado o primeiro romance proletário do Brasil, e o lançamento de Pagu no metrĂ´, de Adriana Armony.
Machado de Assis, considerado por muitos o maior escritor do paĂs, Ă© tema do ensaio de Paulo Dutra. No texto, baseado em 20 anos de pesquisas acadĂŞmicas, o professor da Universidade do Novo MĂ©xico derruba o mito de que a obra do autor carioca Ă© alheia Ă escravidĂŁo e a seus legados.
Uma autora da França tambĂ©m dá as caras na edição. Em LegĂtimas defesa, Carolina Vigna — cronista do Rascunho — mostra como Annie Ernaux elabora uma escrita Ăntima, pessoal, polĂtica e feminista em seus livros, com foco no romance O acontecimento.
Na parte de resenhas, Márcia LĂgia Guidin escreve sobre Amores improváveis, de Edney Silvestre, Arthur Marchetto analisa Como ler os russos, de Irineu Franco PerpĂ©tuo, e Iara Machado Pinheiro destrincha vários conselhos da poeta polonesa Wislawa Szymborska reunidos em Correio literário.
A seção conta, ainda, com outras quatro análises: Victor SimiĂŁo mostra que Viagem ao paĂs do futuro, da portuguesa Isabel Lucas, nĂŁo tem o frescor da novidade; Mario Newman de Queiroz mergulha na poderosa simplicidade lĂrica da russa Marina Tsvetáeva; Jonatan Silva resenha Sul da fronteira, oeste do sol, do Murakami; Gisele Eberspächer, para fechar, escreve sobre o surpreende e sutil Piranesi, de Susanna Clarke.
Colunas
Em Tramas & personagens, Luiz Antonio de Assis Brasil escreve sobre o ritmo na ficção. Para ele, o conceito pode ser definido como “a relação entre o material narrado e a maior ou menor rapidez com que o leitor a percebe”. Já em Tudo é narrativa, Tércia Montenegro dá seguimento às publicações sobre o trabalho de Raduan Nassar.
A edição de maio de 2022 ainda traz colunas instigantes de Alcir PĂ©cora, Eduardo Ferreira, JoĂŁo Cezar de Castro Rocha, JosĂ© Castello, JosĂ© Castilho, Nelson de Oliveira, Nilma e MaĂra Lacerda, Ozias Filho, Raimundo Carrero, Rinaldo de Fernandes, RogĂ©rio Pereira e Wilberth Salgueiro.
Inéditos, traduções e sugestões
Os contos Tio Dieter, de Eloésio Paulo, e Onde morrem os beija-flores, de Antonio Cestaro, e trecho do romance Peg pag, de Alonso Alvarez, são as ficções de maior fôlego da edição.
Entre os inĂ©ditos de poesia brasileira, na seção editada por Mariana Ianelli, estĂŁo Heloiza Abdalla, MaraĂza Labanca, Hugo Langone, Mariana Paz e Maria Carpi.
Quanto Ă s traduções, Patricia Peterle traz para o portuguĂŞs poemas do italiano Valerio Magrelli, PatrĂcia Lavelle verte o francĂŞs Michel Deguy e AndrĂ© Caramuru Aubert apresenta versos do norte-americano Alfred Starr Hamilton.
A HQ Infância do Brasil, de José Aguiar, e o romance Ela se chama Rodolfo, da cronista do Rascunho Julia Dantas, estão entre os livros recomendados. Confira todos aqui.
HistĂłrico
O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000 pelo jornalista e escritor RogĂ©rio Pereira. Com sede em Curitiba e distribuĂdo para todo o Brasil e exterior, Ă© nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteĂşdo.
Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs. O conteúdo mensal aborda a produção dos principias nomes da literatura brasileira e estrangeira.