🔓 Destaques da edição de outubro do Rascunho

Entrevista com o escritor mineiro André Sant’Anna e os melhores momentos do Paiol Literário com Veronica Stigger estão entre os conteúdos do número 258
Capa da edição de outubro, com arte de Thiago Thomé Marques
02/10/2021

O Rascunho de outubro já está disponível no site e começa a ser enviado para assinantes. Para receber o impresso mensalmente, ou acompanhar o material online, escolha um plano (a partir de R$ 7,90).

Entre os destaques do número 258 estão uma entrevista com o escritor mineiro André Sant’Anna, que comenta aspectos de seu livro mais recente, Discurso sobre a metástase, e a transcrição do bate-papo com a gaúcha Veronica Stigger, quarta convidada da 10ª temporada do projeto Paiol Literário.

Na conversa, conduzida por João Lucas Dusi, Sant’Anna revela como captou o clima sinistro do Brasil atual que permeia as narrativas de difícil classificação que compõem o livro. “Os discursos que ouvimos hoje no horário nobre são absolutamente absurdos, cruéis e ridículos”, comenta o autor.

Veronica, por sua vez, também deixa claro seu descontentamento em relação à situação do país. Em sua participação no projeto realizado pelo Rascunho — com patrocínio do Itaú, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura —, a autora de Sombrio ermo turvo e Sul, entre outros livros, diz que não teremos paz, em vários sentidos, enquanto Bolsonaro estiver no poder.

“Está difícil para o mundo inteiro enfrentar a pandemia, mas nós ainda temos que enfrentar essa criatura criminosa e desqualificada”, afirma. Apesar dos comentários mais rascantes, ela também fala de outros assuntos, como a origem de seu interesse pelas artes e o caótico método criativo que cultiva (“Meu processo de escrita é um desastre”).

Já escritora e ensaísta Rosiska Darcy de Oliveira responde ao tradicional Inquérito do Rascunho. De acordo com a carioca, que ocupa da Cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, sua paixão pela literatura surgiu logo que aprendeu a escrever. “Brinquei muito com palavras e nuvens”, conta a autora de Liberdade.

Ilustração: Joan Didion por Fabio Miraglia


Ensaios e resenhas
Em uma análise de fôlego, Silvio Demétrio deixa a pista já no título: É tempo de ler Joan Didion. Para corroborar com sua afirmativa sobre a norte-americana, o paranaense visita alguns lançamentos e reedições de obras da musa do new jornalism, encarada pelo autor do ensaio como uma das figuras centrais para a compreensão da cultura do século 20. Rastejando até Belém e O ano do pensamento mágico, ambos traduzidos em 2021, são dois dos livros comentados.

O argentino Julio Cortázar, que teve recentemente o livro Todos os contos lançado pela Companhia das Letras, também é tema de ensaio. Em seu texto, o paulistano Arthur Marchetto mostra como o mestre da narrativa breve revelou, em seu trabalho ficcional, a insuficiência do conceito de realidade e a força dos espaços oníricos.

Ainda sobre autores da América do Sul, uma resenha do brasiliense Paulo Paniago mostra como, nos contos de Dedos impermitidos, a curitibana Luci Collin desvia da morna convenção ficcional para entrar no território da experimentação. E o carioca Haron Gamal, na resenha Amores secretos, analisa como Stênio Gardel expõe os absurdos de um país atrasado em seu romance de estreia, A palavra que resta.

O carioca Marcos Alvito mostra como, por meio do contraste entre personagens, o crítico inglês James Wood é sutil ao retratar a vida de uma família disfuncional em Upstate, seu segundo romance. E Gisele Eberspächer, de Curitiba, encara o romance epistolar Querido Diego, sua Quiela, de Elena Poniatowska, no qual a autora francesa narra a triste realidade da primeira esposa do pintor mexicano Diego Rivera.

Fechando a seção de resenhas, o texto Memórias póstumas de um ditador, de Gabriela Silva, esmiúça as facetas do defunto-narrador de Sua excelência, de corpo presente, do premiado autor angolano Pepetela.

Ilustração: Julio Cortázar por Oliver Quinto


Colunas
Na coluna Garupa, Noemi Jaffe visita os traços e os textos da cartunista Laerte, vencedora do Troféu Juca Pato de 2021, relacionando seu trabalho com o de Franz Kafka, famoso por seu humor peculiar. “Laerte, como Kafka, também cria um lugar que simultaneamente conhecemos e desconhecemos, com significados que, mais do que esclarecerem as coisas, iluminam o absurdo que habita em tudo.”

Já em Tramas & Personagens, a análise de Luiz Antonio de Assis Brasil é sobre o delicado tema da “voz autoral” na ficção. “É complicada a afirmativa de que, em qualquer história, há um narrador que a escreve, uma entidade fantasmática, situada nos calabouços da criação”, diz o professor de escrita criativa, que desdobra seu texto em dez tópicos elucidativos.

Completam o time de colunistas: Alcir Pécora, Carola Saavedra, Eduardo Ferreira, Fabiane Secches, João Cezar de Castro Rocha, Jonatan Silva, José Castilho, José Castello, Maíra Lacerda, Nelson de Oliveira, Nilma Lacerda, Ozias Filho, Rinaldo de Fernandes, Rogério Pereira (editor do Rascunho), Tércia Montenegro e Wilberth Salgueiro.

Inéditos
Na seção de ficção autoral, o carioca Fernando Molica aparece com um trecho de seu novo romance, Elefantes no céu de Piedade. Já na seção de Poesia brasileira, a editora Mariana Ianelli seleciona o trabalho de cinco autores: Alberto Pucheu, Fabrício Marques, Bárbara Maçanares, Hosanna Almeida e Laís Araruna de Aquino.

Na colaboração do mês, André Caramuru Aubert traduz versos do norte-americano Alvin Feinman, considerado um exemplo perfeito de “poeta de poetas”: publicou apenas um livro e nunca era incluído em antologias, mas tinha admiração de seus pares. Tanto é que foi contemplado pelo crítico Harold Bloom em O cânone Ocidental.

Recomenda
Dos 16 livros indicados na seção deste mês, entre romances, contos, ensaios, infantojuvenis e histórias em quadrinhos, destacam-se a biografia Lúcia Machado de Almeida: uma vida quase perfeita, assinada por Regis Gonçalves, e a HQ Pele de homem, do francês Hubert.

A equipe do Rascunho também selecionou livros dos brasileiros Marcelino Freire, Ana Elisa Ribeiro e Carola Saavedra, e dos estrangeiros Gilbert Hernandez e Alexandra Penfold, entre outros. A arte da capa é assinada pelo artista Thiago Thomé Marques.

Histórico
O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000 pelo jornalista e escritor Rogério Pereira. Com sede em Curitiba e distribuído para todo o Brasil e exterior, é nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs. O conteúdo mensal aborda a produção dos principias nomes da literatura brasileira e estrangeira.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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