A edição de abril marca os 21 anos do Rascunho, jornal literário fundado em Curitiba. Em 252 edições, foram publicadas inúmeras resenhas, ensaios, ilustrações, crônicas, poemas, contos, trechos de romances, colunas de opinião e fotografia. Uma farol do que se publicou e leu nas duas últimas décadas no Brasil e no mundo.
A edição de aniversário tem como um dos destaques entrevista com a escritora e crítica Heloisa Buarque de Hollanda. Quarenta e cinco anos depois de reunir a geração mimeógrafo em 26 poetas hoje, ela comenta o legado da histórica coletânea e o novo livro que organizou, As 29 poetas hoje, que como o título explica, traz textos só de poetas mulheres. Os dois livros foram lançados juntos recentemente pela Companhia das Letras.
“O formato da poesia política do passado se reformula e ganha na poesia de mulheres a forma de atitude, viés ou mesmo de um pressuposto político bem mais eficaz do que um conteúdo explicitamente político com dicção de propaganda”, diz Heloisa, na entrevista conduzida pelo jornalista do Rascunho João Lucas Dusi.
Ensaios e resenhas
Destacam-se também dois longos ensaios. Um sobre os mais recentes livros de Silviano Santiago, que teve três títulos publicados recentemente. Marcos Pasche analisa essas obras e mostra como o autor mineiro pratica, na ficção e na crítica literária, “um misto de assimilação do outro e análise de si”.
Já o escritor e tradutor André Caramuru Aubert lembra a trajetória dos poetas americanos Robinson Jeffers e Kenneth Rexroth, que tiveram papel fundamental na reinterpretação e no impacto de ideias que ajudaram a mudar os séculos 20 e 21, influenciando gerações posteriores de escritores, como os beatniks.
Leandro Reis explica como o cubano Leonardo Padura, em seus novos livros, a ficção O romance da minha vida e o ensaístico Água por todos os lados, discute a atuação e o destino de artistas submetidos a contextos autoritários.
Há ainda resenhas sobre Os supridores, romance de estreia de José Falero, o Enigma das ondas, coletânea de poemas do paranaense Rodrigo Garcia Lopes, além de análises sobre A estrangeira, da americana Claudia Durastanti, Um apartamento em Urano, do espanhol Paul B. Preciado, Temporada de furações, da mexicana Fernanda Melchor, A paisagem correta, do israelense Amir Or, e Irmão de alma, do francês David Diop.
Inéditos e colunistas
Na seção de poesia brasileira, a editora Mariana Ianelli seleciona trabalhos de Alexandra Maia, Fabíola Mazzini, Lila Maia, Contador Borges e Matheus Gumenin Barreto.
Ainda entre os inéditos, o romancista Edgard Telles Ribeiro marca presença com o conto Castelos. E a americana Robin Coste Lewis tem poemas traduzidos por André Caramuru Aubert.
Além disso, o Rascunho oferece ao leitor um grande time de colunistas, formado por: Alcir Pécora, Carola Saavedra, Eduardo Ferreira, Fabiane Secches, João Cezar de Castro Rocha, Jonatan Silva, José Castello, José Castilho, Luiz Antonio de Assis Brasil, Maíra Lacerda, Nelson de Oliveira, Nilma Lacerda, Noemi Jaffe, Ozias Filho, Raimundo Carrero, Rinaldo de Fernandes, Tércia Montenegro e Wilberth Salgueiro. A arte da capa é assinada por Nelson Cruz.
Histórico
O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000 pelo jornalista e escritor Rogério Pereira. Com sede em Curitiba e distribuído para todo o Brasil e exterior, é nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs. O conteúdo mensal aborda a produção dos principias nomes da literatura brasileira e estrangeira.
O periódico recentemente ganhou mais páginas — passou de 32 para 48 — e inaugurou novo site, que além de abrigar todo material da versão impressa, traz conteúdos exclusivos, em atualizações diárias, com notícias, crônicas, resenhas, entrevistas e reportagens.
