A edição de junho do Rascunho tem como um dos destaque ensaio sobre o acervo e a obra do polonês, que se radicou no Brasil, Samuel Rawet — que em julho faria 92 anos. Assinado pela acadêmica e pesquisadora Bianca Bruel, o texto traça a trajetória do escritor por meio de seu acervo, abrigado na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, material que ajuda a compreender a trajetória de um autor importante, mas ainda pouco conhecido.
Outro destaque é o longo conto A plenos pulmões, que o premiado autor cearense Ronaldo Correia de Brito escreveu especialmente para a edição do Rascunho. No texto, em plena pandemia, um homem de classe média-alta relembra seu passado como militante de esquerda, tendo como pano de fundo um segregado Recife.
Na secção Inquérito, a cronista e best-seller Martha Medeiros responde a questões sobre suas obsessões literárias e os limites da ficção. “Não frequento o suficiente para ter alguma implicância”, diz sobre o meio literário brasileiro.
Resenhas
Marina Colasanti, aos 83 anos, continua atenta ao mercado editorial. Ela comenta as edições mais recentes de Pedro Páramo, do mexicano Juan Rulfo, e Morte na água, do japonês Kenzaburo Oe, livros que entrecruzam vivos e mortos, memória e realidade.
Já Luiz Paulo Faccioli resenha o primeiro livro da libanesa Hoda Barakat lançado no Brasil, Correio noturno, “um exemplo de romance epistolar”.
Bruna Meneguetti também fala de outro autor estrangeiro que estreia no país: J. P. Zooey, autor dos contos de Sol artificial, que “bebem de águas borgianas e flertam intensamente com a ficção científica e fantasia.”
Jamaica Kincaid tem seu livro Autobiografia da minha mãe analisado por Marcos Alvito, para quem o livro “falha ao tentar transformar críticas sociais em matéria ficcional”.
Entre os livros brasileiros, o romance Meu corpo ainda quente, de Sheyla Smanioto, é resenhado por Haron Gamal, e Breu, de Mário Araújo, analisado por Maurício Melo Júnior. Marcos Hidemi de Lima escreve sobre o romance policial 1935, de Rafael Guimaraens, e Matheus Lopes Quirino, sobre A ponte no nevoeiro, de Chico Lopes.
Na seção Rascunho Recomenda, 16 livros são sugeridos, entre eles a HQ 1984, adaptação do romance de George Orwell feita por Fido Nesti, e Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes.
Colunas
Na coluna A literatura na poltrona desta edição, ao invés de um texto crítico sobre um livro ou autor, José Castello publica a crônica O vendedor de relógios, em que a pandemia borra as fronteiras entre realidade e sonho. Noemi Jaffe também fala da pandemia, sobre como a escrita apenas ameniza, mas não muda os problemas que estamos enfrentando.
E o leitor ainda tem mais um grande time de colunistas, formado por: Alcir Pécora, Carola Saavedra, Eduardo Ferreira, Fabiane Secches, João Cezar de Castro Rocha, Jonatan Silva, José Castilho, Luiz Antonio de Assis Brasil, Maíra Lacerda, Nelson de Oliveira, Nilma Lacerda, Ozias Filho, Raimundo Carrero, Rinaldo de Fernandes, Tércia Montenegro e Wilberth Salgueiro. A arte da capa é assinada pelo artista FP Rodrigues.
Na seção de poesia brasileira, a poeta e editora Mariana Ianelli seleciona trabalhos de Mariana Machado de Freitas, Rodrigo Luiz Pakulski Vianna, Leila Guenther, Sândrio Cândido e Fernando Alexandre Guimarães Silva.
Histórico
O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000 pelo jornalista e escritor Rogério Pereira. Com sede em Curitiba e distribuído para todo o Brasil e exterior, é nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs. O conteúdo mensal aborda a produção dos principias nomes da literatura brasileira e estrangeira.
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