Existe redenção em meio ao caos? Escrito a oito mĂŁos, o romance Corpos secos — definição emprestada do historiador, antropĂłlogo e professor Câmara Cascudo (1898-1986) — conta a histĂłria de um Brasil pĂłs-apocalĂptico, minado por uma doença contagiosa que surgiu no Mato Grosso do Sul devido ao uso irresponsável de agrotĂłxicos e ocasionou reações inesperadas. Os infectados nĂŁo possuem mais atividade cerebral, mas continuam existindo atrás de sangue — sĂŁo os espectros que dĂŁo nome Ă obra e assolam o paĂs. Em um perĂodo de seis meses, restam as personagens que encabeçam as narrativas: o paciente zero, uma criança, uma fazendeira e uma engenheira de alimentos que investiga como o surto começou. A esperança delas fica mais ao sul, e cruzar um paĂs tomado por corpos secos nĂŁo será tarefa fácil. Por um estranho acaso, o livro foi lançado no dia 30 de março de 2020, quando o Brasil já somava mais de 4 mil casos confirmados do novo coronavĂrus, e as atividades de divulgação que estavam programadas nĂŁo aconteceram.