🔓 Veja quem venceu os principais prêmios literários em 2020

Itamar Vieira Junior, com o romance “Torto arado”, e Cida Pedrosa, com a coletânea de poemas “Solo para vialejo”, foram alguns dos destaques do ano
A poeta Cida Pedrosa foi a grande vencedora do Jabuti 2020, com “Solo para vialejo”
29/12/2020

Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, os principais prêmios literários do país aconteceram de forma quase normal, não fossem as solenidades de premiação terem migrado para as lives nas redes sociais. Alguns nomes consagrados, como Chico Buarque e Milton Hatoum, foram preteridos em concursos como Jabuti, Prêmio São Paulo de Literatura e Oceanos.

Um dos destaques do ano foi Itamar Vieira Junior, cronista do Rascunho, que esteve entre os finalistas dos principais prêmios com seu romance de estreia, Torto Arado (Todavia). Ele venceu o Oceanos e o Jabuti na categoria Romance Literário.  

A poeta pernambucana Cida Pedrosa foi a grande vencedora do Jabuti. Solo para vialejo (Cepe) ganhou as categorias Poesia e Livro do Ano. Já o prêmio São Paulo de Literatura foi para Claudia Lage (O corpo interminável, Melhor Romance de Ficção) e Marcelo Labes (Paraízo-Paraguay, Melhor Romance de Estreia).

Confira o resumo das principais premiações literárias em 2020.

Jabuti
A grande vencedora da 62ª edição do prêmio Jabuti foi a poeta pernambucana Cida Pedrosa, que ganhou nas categorias Poesia e Livro do Ano com Solo para vialejo. Na categoria Romance Literário, Itamar Vieira Junior levou o prêmio por seu primeiro romance, Torto arado.

Carla Bessa, colaboradora do Rascunho, venceu na categoria Conto com Urubus. A consagrada Nélida Piñon ganhou entre os livros de crônicas com Uma furtiva lágrima. E a nova categoria do Jabuti, Romance de Entretenimento, foi vencida por Raphael Montes, autor de Uma mulher no escuro.

 

Prêmio Oceanos
Vencedor do Jabuti, Itamar Vieira Junior também ganhou a edição 2020 do Prêmio Oceanos, com Torto arado. Publicado pela Todavia, no Brasil, e pela Leya, em Portugal, o livro se passa no sertão baiano, onde as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó.

O segundo lugar foi para o romance A visão das plantas, da portuguesa nascida em Angola Djaimilia Pereira de Almeida, editado em Portugal pela Relógio D’Água. A escritora também venceu a edição 2019 do prêmio com o romance Luanda, Lisboa, Paraíso. O terceiro lugar ficou com Carta à rainha louca, da brasileira Maria Valéria Rezende, publicado pela Alfaguara.

 

Prêmio São Paulo de Literatura
A carioca Claudia Lage venceu o Prêmio São Paulo de Literatura de melhor romance de ficção com O corpo interminável, publicado pela Record. A trama acompanha o jovem Daniel, que reconstitui a história de sua mãe, guerrilheira desaparecida durante a ditadura militar, e pauta a história de violências do país à época do regime.

Além de Lage, concorriam ao prêmio Milton Hatoum, Joca Reiners Terron, Maria Valéria Rezende, Julián Fuks, Paulo Scott, Patrícia Melo, Adriana Lisboa, Javier Contreras e João Anzanello Carrascoza.

Já o catarinense Marcelo Labes, com Paraízo-Paraguay, venceu a categoria de melhor romance de estreia. O livro, publicado pela Caiaponte, relata a imigração alemã no sul do Brasil, no século 19, e conta o envolvimento de um dos europeus vindos ao país na guerra contra o Paraguai.

 

Biblioteca Nacional
O gaúcho Menalton Braff, que vive há décadas no interior paulista, ganhou o prêmio Machado de Assis, concedido pela Biblioteca Nacional, na categoria romance por Além do rio dos sinos (Reformatório).

Já a cordelista e poeta cearense Jarid Arraes venceu na categoria de Contos por Redemoinho em dia quente (Alfaguara). Na Poesia, Maria Fernanda Elias Maglio, autora de 179. Resistência (Patuá), foi a escolhida. Entre os livros infantis, Adriana Falcão venceu com Lá dentro tem coisa (Salamandra). O melhor juvenil foi Um lençol de infinitos fios (Gaivota), de Susana Ramos Ventura, e a melhor tradução foi a de As flores do mal (Penguin), do francês Charles Baudelaire, feita por Júlio Castañon Guimarães.

 

Prêmio Biblioteca Digital
Depois de extinguir o Prêmio Paraná de Literatura, a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) lançou neste ano a primeira edição do Prêmio Biblioteca Digital — apenas para e-books. O concurso selecionou obras de autores de todo o país em quatro categorias.

Na categoria Romance, o vencedor foi o curitibano Guido Viaro, com O cubo mágico. Em Poesia, o primeiro lugar foi para Mariana da Rocha Basílio, que vive em Bauru, no interior de São Paulo, autora de Pangeia: A etimologia do ser. Na categoria Conto, o paulistano Leonardo Gomes Nogueira ganhou com Quando perdemos o norte. E entre os livros infantis, Os bichos falam português, de Alécio Donizete da Silva, de Cuiabá, venceu.

 

Juca Pato
Promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE), o 62º Troféu Juca Pato premiou Ailton Krenak, autor de Ideias para adiar o fim do mundo, publicado pela Companhia das Letras. Neste ano, pela primeira vez, as indicações tiveram a participação do público, que votou pela internet nos 54 nomes que concorreram ao troféu. Além de Krenak, concorriam escritores como Djamila Ribeiro, Eliane Brum, Laurentino Gomes e Maria Valéria Rezende.

 

Todavia
A editora Todavia promoveu em 2020 a primeira edição do Prêmio Todavia de Não Ficção, que teve 92 projetos inscritos, entre biografias e reportagens. Bruno Ribeiro, de 31 anos, venceu o prêmio com o projeto de um livro-reportagem sobre feminicídio no agreste paraibano. Ele assinará contrato para publicação da obra pela editora.

 

DarkSide
E Bruno Ribeiro também ganhou o “Prêmio Machado DarkSide de Literatura, Quadrinhos e Outras Narrativas”, na categoria Romance/Conto, com Porco de raça. Rafael Calça e Diox levaram na categoria Quadrinhos, com Aurora. Em Outras Narrativas, a vencedora foi Jessica Gonzato, por Dores do parto. Em Não Ficção, o vencedor foi Alex Barbosa, com O monstro no cinema. E na categoria Desenvolvimento de Projetos, o prêmio foi para Isa e Pétala Souza, autoras de Imaginários pluriversais.

A DarkSide é especializada em livros de terror e suspense. Ao todo, foram mais de 5 mil inscrições, que concorreram ao prêmio de R$ 20 mil em cada uma das cinco categorias, além do Troféu Dark.

 

Prêmio Minuano
A terceira edição do concurso promovido pelo Instituto Estadual do Livro (IEL) do Rio Grande do Sul premiou Clara Corleone, na categoria crônica, com O homem infelizmente tem que acabar, e Luisa Geisler, entre os livros infantis, com Enfim, capivaras. No romance, Natalia Borges Polesso venceu com Controle. Amilcar Bettega ficou com o primeiro lugar na categoria conto, com Prosa pequena. O melhor livro de poesia foi Fabulário, de Ana Santos.

 

Nobel, Goncourt e Booker Prize
As principais premiações estrangeiras foram para autores pouco conhecidos no Brasil. Contrariando todas as expectativas, a americana Louise Glück, de 77 anos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2020. A Academia Sueca justificou a escolha de Glück “por sua inconfundível voz poética que, com beleza austera, torna universal a existência individual”. Em 2016, na edição 194, o Rascunho já havia publicado uma série de poemas da americana, em tradução de André Caramuru Aubert.

Já o principal prêmio de literatura de língua inglesa, o Booker Prize, foi vencido pelo escocês Douglas Stuart, com seu romance de estreia, Shuggie Bain. O romance, que foi publicado em fevereiro desde ano, ainda não tem tradução para o português.

E Hervé Le Tellier venceu a edição 2020 do Goncourt, o mais prestigioso prêmio literário da França, pelo romance L’Anomalie (anomalia), da editora Gallimard, também sem tradução no Brasil — assim como os outros sete romances do autor.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

Rascunho