🔓 Romance de escritora japonesa imagina mundo sem lembranças

Em “A polícia da memória”, de Yoko Ogawa, uma ilha é vigiada pela “polícia secreta”, que busca e elimina vestígios de lembranças
Yoko Ogawa, autora de “A polícia da memória”
07/04/2021

Finalista do International Booker Prize 2020 e do National Book Awards 2019, o romance A polícia da memória, da japonesa Yoko Ogawa, acaba de ser publicado no Brasil, em edição da Estação Liberdade.

Em uma prosa ao mesmo tempo insólita e sensível, Yoko conduzi o leitor ao mundo das memórias perdidas. Uma ilha é vigiada pela “polícia secreta”, que busca e elimina vestígios de lembranças. Objetos, espécies e até famílias inteiras somem sem deixar vestígios, sem que as pessoas sequer se atentem, ou percebam os desaparecimentos, pois as recordações furtivamente também já se foram.

Na trama, uma escritora tenta manter intactos resquícios de histórias, de algo que possa permanecer. Não é fácil, já que tudo ao redor desaparece, e ela não pode contar sequer com a própria memória.

O leitor é convidado, instintivamente, a acessar o seu próprio arcabouço de lembranças e percorre uma jornada de recordações que também gostaria de preservar. Algo que tem se tornado familiar na atualidade, e a todos que têm criado um novo mundo, já que o anterior, pré-pandemia, não mais existe, e nunca será como antes.

Yoko Ogawa nasceu em Okayama, no Japão, em 1962. Sua vocação de leitora foi despertada precocemente por clássicos infantis, graças a um sistema de assinatura de livros de que a família dela dispunha.

Ela gosta de citar O diário de Anne Frank como uma referência decisiva para perceber a escrita como via possível e necessária de autoexpressão. Yoko estudou escrita criativa e publicou diversos livros, entre ficção e não ficção. A autora vive atualmente em Ashiya, província de Hyogo — nas proximidades de Kyoto.

A escritora ganhou vários prêmios importantes do meio literário japonês, pelas obras Diário da gravidez, A fórmula preferida do professor, O enterro de Brahman, e por A marcha de mina.

De Yoko, a Estação Liberdade também publicou O museu do silêncio (2016) e A fórmula preferida do professor (2017), obra que foi vertida para o cinema, pelo diretor Takashi Koizumi, ex-assistente de Akira Kurosawa.

A polícia da memória
Yoko Ogawa
Trad.: Andrei Cunha
Estação Liberdade
328 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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