A edição de julho do Rascunho traz como destaque uma entrevista com o compositor e poeta Arnaldo Antunes, que publicou recentemente Algo antigo. O livro sai seis anos após sua última coletânea de poemas, Agora aqui ninguém precisa de si, vencedora do Prêmio Jabuti.
Na entrevista conduzida pela jornalista Gisele Barão, o poeta fala sobre sua produção artística, fortemente influenciada pelo concretismo, a situação política do Brasil e comenta algumas de suas leituras mais recentes.
“São evidentes os motivos pelos quais nossos atuais governantes e seus apoiadores ameaçam, atacam e trabalham pelo desmonte da cultura, das artes, da livre imprensa, da educação e da ciência”, diz o escritor. Junto com o bate-papo, segue uma resenha de Algo antigo, também realizada por Gisele Barão.
Outro destaque é transcrição da conversa com Julián Fuks, que abriu a 10ª temporada do projeto Paiol Literário. Entre os assuntos comentados pelo autor paulistano estão o papel da crítica com a diminuição dos espaços tradicionais para resenhas, como suplementos literários, a autoficção como recurso narrativo e o impacto da pandemia em futuras obras de escritores brasileiros e estrangeiros.
“Não faço a menor ideia do que vou escrever sobre a pandemia. Nem se vou escrever. Sinto que houve uma antecipação enorme dessa resposta”, diz o autor do recente Romance: história de uma ideia.
Resenhas
Entre as resenhas, análises dos livros dos brasileiros Fernando Moreira Salles (Diário de Porto Pim, por Rafael Zacca) e Carla Madeira (Tudo é rio, por Faustino Rodrigues). Entre os estrangeiros, resenhas sobre Notas para a definição de um leitor ideal, de Alberto Manguel, escrita por Stefania Chiarelli, Garota, mulher, outras, de Bernardine Evaristo, em análise de Victor Simião, Leopardo negro, lobo vermelho, de Marlon James, escrito por Arthur Marchetto, e o clássico italiano O jardim dos Finzi-Contini, de Giorgio Bassani, que é esmiuçado em um longo ensaio de Iara Machado Pinheiro.
Em um instigante ensaio, o poeta e tradutor André Caramuru Aubert desvenda as várias facetas do prolifico escritor, tradutor e ensaísta americano Eliot Weinberger, que aos 72 anos continua destilando seu multitemático e vasto cabedal de conhecimento não acadêmico em livros instigantes.
Já a seção Rascunho Recomenda traz 16 indicações de leitura. Entre elas, a nova coletânea de crônicas de Marcelo Moutinho, chamada A lua na caixa d’água, o livro de poemas Mulheres de Hopper, de Katia Marchese, e o romance O oito, de Paloma Franca Amorim.
Inquérito e colunistas
O catarinense Carlos Henrique Schroeder é o convidado da seção Inquérito. No rápido pingue-pongue, ele responde a questões como “O que te dá medo?”. E se sai assim: “Lançamentos presenciais dos meus livros. Medo de não ir ninguém. De dar tudo errado. De eu ter um ataque de pânico”.
Na coluna Sob a pele das palavras, Wilberth Salgueiro analisa o poema Esse jeito, de Régis Bonvicino. O curto texto, publicado no livro Régis Hotel, de 1978, é o fio condutor para uma análise consistente da importante obra poética de Bonvicino.
Já o crítico Alcir Pécora retoma suas reflexões a respeito da obra de Padre Vieira em Contra os cultos (2). “O que padre Vieira pretende é que os padres reconheçam e se submetam ao ‘decoro’ que os rege, que é próprio do gênero particular da oratória sacra”, diz Pécora.
A edição ainda traz textos instigantes de diversos outros colunistas, como Carola Saavedra, Eduardo Ferreira, José Castello, João Cezar de Castro Rocha, Jonatan Silva, José Castilho, Luiz Antonio de Assis Brasil, Maíra Lacerda, Nelson de Oliveira, Nilma Lacerda, Noemi Jaffe, Ozias Filho, Raimundo Carrero, Rinaldo de Fernandes e Tércia Montenegro. A arte da capa é assinada pela artista Carolina Vigna.
Ana Maria Vasconcelos, Carlos André, Sônia Barros, Marvin Junius Franklin, Susana Fuentes e José Inácio Vieira de Melo compõem o time de poetas escolhidos pela editora e também poeta Mariana Ianelli para figurar na edição. Ainda entre os poetas, o escocês Hugh Macdiarmid tem sete poemas traduzidos por André Caramuru Aubert.
Histórico e assinatura
O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000 pelo jornalista e escritor Rogério Pereira. Com sede em Curitiba e distribuído para todo o Brasil e exterior, é nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs. O conteúdo mensal aborda a produção dos principias nomes da literatura brasileira e estrangeira.
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