🔓 Antologia reúne escritos raros de Zelda Fitzgerald

“Artigos e textos jornalístico” traz ensaios, contos e resenhas da autora americana, além trabalhos visuais da cartunista Bruna Maia e texto de Clarah Averbuck
Zelda Fitzgerald, autora de “Artigos e textos jornalísticos”
03/06/2021

A antologia “Artigos e textos jornalísticos”, lançada agora, reúne 13 textos raros de Zelda Fitzgerald, que mostram as facetas de ensaísta, contista, bailarina e artista plástica da autora americana.

A edição mescla os textos de Zelda com intervenções artísticas da autora Clara Averbuck e da cartunista Bruna Maia. Completa a edição um ensaio crítico exclusivo escrito por Marcela Lanius, doutora em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio e uma das principais pesquisadoras da obra de Zelda Fitzgerald no Brasil.

Zelda Fitzgerald (1900-1948) publicou apenas um livro durante sua vida, o romance Esta valsa é minha, de 1932. No entanto, entre os anos 1917 e 1948, a “it girl” original, que ficou conhecida como a primeira melindrosa, escreveu uma série de contos, artigos e textos jornalísticos.

Embora muitos desses escritos tenham se perdido ao longo do tempo, alguns chegaram a ser publicados na época. Entretanto, como eram assinados também por seu marido, F. Scott Fitzgerald, o nome de Zelda acabou sendo apagado e sua autoria só reapareceu anos depois, quando descobriu-se que o próprio Scott atribuiu os créditos a ela em seus cadernos de registro.

Parte dessa produção esparsa começa finalmente a chegar ao público brasileiro em uma publicação que, pela primeira vez no país, coloca Zelda em seu lugar devido (o de autora) e propõe que ela seja lida não como grande heroína ou esposa de um escritor famoso, mas como uma escritora modernista por seus próprios méritos.

Artigos e textos jornalísticos traz O livro mais recente de meu marido, uma debochada resenha de Os belos e malditos, na qual Zelda ironiza o fato de páginas desaparecidas de seu diário ressurgirem no romance de Scott, e o conto O iceberg, publicado no jornal literário da escola onde ela estudava, redescoberto em 2013 e até agora inédito em livro.

Escrito quando Zelda tinha por volta de 17 anos, o conto retrata e desafia, com ironia fina, os papéis que a conservadora sociedade americana do início do século 20 esperava das mulheres.

Também integra a antologia Elogio da melindrosa, cujo tom satírico transmuta-se na comédia atenta e mascarada de Todo homem casado tem um dia um momento de revolta?.

Zelda Sayre Fitzgerald foi ensaísta, contista, romancista, dramaturga, bailarina e artista plástica norte-americana do início do século 20. Nascida em 1900, em Montgomery, Alabama, tornou-se um ícone nos anos 1920 e um dos maiores símbolos da Era do Jazz, ao lado do escritor F. Scott Fitzgerald, com quem se casou aos 20 anos.

Aos 27 voltou a estudar dança e chegou a ser convidada a participar da companhia de balé do Teatro San Carlo, em Nápoles, mas Scott a convenceu a não aceitar. Na década de 1930, começou a enfrentar o sofrimento mental que a acompanharia até o fim da vida. Em 1932, enquanto se tratava numa clínica psiquiátrica em Baltimore, utilizou material autobiográfico para escrever o romance Esta valsa é minha e criar uma série de pinturas.

O legado de Zelda Fitzgerald passou por uma profunda revisão em 1970, quando Nancy Milford, então estudante de pós-graduação da Universidade Columbia, publicou Zelda: A Biography, primeiro trabalho de fôlego sobre a vida da escritora.

Artigos e textos jornalísticos
Zelda Fitzgerald
Trad.: Mauricio Tamboni
Ponto Edita
160 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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