🔓 Poeta mesmo na prosa

O mineiro Ronaldo Cagiano revê seus mais de 30 anos de vida literária e fala sobre o recente “Cartografia do abismo”, que marca seu retorno à poesia
O poeta mineiro Ronaldo Cagiano, autor de “Cartografia do abismo”
22/11/2020

O mineiro Ronaldo Cagiano tem mais de três décadas de vida e produção literária. Nascido em Cataguases, de onde saíram escritores conhecidos nacionalmente, ele atualmente vive em Portugal com a esposa.

Cagiano começou na literatura muito cedo e durante muito tempo foi colaborador de importantes veículos, como Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo, Estado de Minas, Correio Brasiliense e Revista Cult.

Sempre atento à produção literária nacional, organizou algumas antologias, incluindo Antologia do conto brasiliense, Poetas mineiros em Brasília e Todas as gerações — O conto brasiliense contemporâneo.

Sua produção trafega entre a prosa de ficção, a poesia e a crítica literária, sendo um dos escritores mais profícuos de seu tempo, embora não exatamente um dos mais conhecidos.

É autor de Dicionário de pequenas solidões, O observatório do caos, Os rios de mim e do mais recente Cartografia do abismo, uma coletânea de poemas que giram em torno de temas que, particularmente, são a grande tônica de seu trabalho: a infância, a memória, os afetos, a natureza, a solidão e a própria literatura.

Nesta entrevista para o Rascunho, Cagiano fala sobre o processo criativo de seu livro mais recente, a rotina da profissão, o interesse pelos diferentes gêneros textuais, a vida no exterior, os problemas do meio literário e o pouco interesse que tem pelas redes sociais.

• Como se deu o processo de elaboração de seu mais recente trabalho?
Meu mais recente livro, Cartografia do abismo, consiste no meu retorno à poesia, gênero com que inicio minha trajetória literária, na década de 1980. É uma safra de poemas escritos nos últimos três anos e meio, período em que estamos morando em Portugal. Cerca de 90% dos textos germinaram aqui, mas acabei por incluir no livro algum trabalho que já havia saído anteriormente em jornais e revistas, bem como em suportes eletrônicos. Representam um novo olhar e refletem uma nova experiência existencial, fruto de outra vivência territorial e psicológica, incorporando minha relação com as demandas, tensões e apreensões desses agitados anos do Brasil e do mundo, quando experimentamos um rápido escalonamento de valores em todos os campos. Sinto, como Murilo Mendes, poeta brasileiro (de Juiz de Fora), que viveu e está enterrado em Lisboa, que “vou onde a poesia me chama”.

• Noto que boa parte de seus trabalhos poéticos traz temas recorrentes ligados à infância, à natureza e ao próprio fazer literário. Como a poesia chega para o senhor e o que ela representa enquanto forma?
A infância é, no meu entender, o gatilho do homem, o inconsciente individual (e também coletivo) que alberga nossas referências; tudo vem dessa fase embrionária, mas fundadora, da vida, do caráter, da identidade. Nossa mitologia pessoal está toda lá, isso me lembra o que disse Drummond no belo poema Interpretação de dezembro: “É o menino em nós/ ou fora de nós/ recolhendo o mito”. Nos meus contos e poemas é a infância — esse rio recorrente do passado que nunca sossega e sempre nos banha a memória — que povoa a minha escritura. E ela carrega os nossos primeiros insights, nossos olhares ainda precoces e oníricos sobre o mundo, as pessoas, a realidade, os conflitos íntimos do ser. Para ressaltar essa presença da infância no que escrevo, recordo outro belo poema do poeta angolano (residente em Portugal) Zetho Cunha Gonçalves, que dialoga com esse sentimento que perpassa meu trabalho: “E nenhum rio é como esse,/ o rosto magnificente da infância,/ a pátria imaginada da poesia”. Ou encontrando-me ainda no que disse Maria Velho da Costa, uma das mais importantes escritoras portuguesas, recentemente falecida, cuja personagem em seu livro Myra endossa o que também penso: “A infância é um país mágico, donde somos todos expatriados pela percepção da morte, ou da crueldade”. A poesia foi e continua sendo, para mim, o sopro inicial, a forma estética pela qual tenho me identificado e dela me apropriado para comunicar meus mundos (o criativo, o crítico, o reflexivo), tanto é que na prosa tento não desviar-me de uma inflexão poética, pois compreendo a linguagem como tributária de uma formatação poética, não basta contar uma história apenas, é preciso saber contá-la e para isso, a poesia vem em nosso socorro para o amálgama da narrativa. Sobre isso já dizia Baudelaire: “Ser poeta, mesmo em prosa”. Acho que incorporei essa ideia, que pode não ser uma verdade absoluta, mas me soa norteadora.

• Costuma seguir uma rotina diária durante a escrita de um livro?
Tenho uma rotina flexível, sem estabelecimento de rigor temporal ou qualquer imposição disciplinar. Meu processo de criação não segue um modelo ou padrão específico, nenhum esquema de ordem formal, conceitual ou temático, no entanto, é em meio ao caos e à fragilidade da vida diária que os poemas e histórias vão surgindo. O entorno é meu campo de observação e estruturação literária. Mais uma vez, Drummond me socorre: “O tempo é minha matéria/ o tempo presente/ o homem presente/ a vida presente”. Não há como fugir disso. Nosso trabalho é escrevivência. Tudo pode ser matéria e circunstância para entrar num conto ou num poema, desde a banalidade de um acontecimento corriqueiro, o absurdo, o insólito, até a imagem ou memória de algo ancestral, que hiberna lá nos primórdios de nossas lembranças ou experiências pessoais ou íntimas. Uma conversa de rua, por exemplo, uma imagem, um flagrante, um cheiro, uma notícia de jornal, podem surgir como insight para a construção literária. E até mesmo uma leitura de algum autor, de um texto, de uma leitura de jornal que inflamam um novo poema ou história. Como afirmei, não há uma metodologia ou rigidez para minha atividade criativa, nada é compulsório. Aliás, muitas vezes priorizo a leitura e releitura antes de iniciar um trabalho novo. E isso pode durar muito tempo. Ao escrever, posso iniciar diretamente no computador ou esboçar anotações nalgum bloco, caderno, folha solta, caso esteja na rua e a ideia me ocorra. Não há nem roteiro nem rotina pré-estabelecidos para a minha escritura. Já ocorreu de levantar no meio da noite, interrompendo o sono por uma ideia e anotar para depois retomá-la. Ou andando pela rua, viajando de ônibus, metrô, trem ou avião e, igualmente, o fato ou a ideia saltarem à minha frente. E aí, de alguma forma, registro esse sentimento para depois trabalhá-lo com mais vigor forma e conteúdo.

• O senhor já organizou algumas antologias muito importantes para a literatura brasileira nas últimas décadas, o que inclui, por exemplo, Antologia do conto brasiliense, Poetas mineiros em Brasília e Todas as gerações — o conto brasiliense contemporâneo. Como foi organizar esses livros e selecionar os textos que entrariam nesse trabalho de cartografia literária local?
Morei 28 anos em Brasília e esse período foi fundamental para perceber a variedade e versatilidade da literatura brasiliense em todos os níveis. A convivência com escritores de várias gerações instigou-me a realizar esse mapeamento, cuja intenção era não apenas cartografar, mas deixar um registro, para o presente e para futuras gerações, sobre a literatura feita em Brasília desde a sua fundação, mas também para documentar as diversas tendências e expressões estéticas de uma cidade que é a síntese da diversidade, da pluralidade e da heterogeneidade do país. Na primeira coletânea, Antologia do conto brasiliense, incluí textos de autores pioneiros (vivos e mortos), que lá vivem e produzem, bem como os que viveram e escreveram durante sua estada na cidade. Essa recolha dizia de uma geração que escrevia em Brasília, mas não sobre Brasília, mas a partir dela, com fundas raízes em seus territórios de origem. São autores não nascidos na capital, portanto essa obra reflete a multiplicidade de dicções, representa um caleidoscópio narrativo do Brasil, mas também marcados pela transitoriedade, já que muitos lá passaram poucos anos e retornaram aos seus estados. Na segunda, Todas as gerações — o conto brasiliense contemporâneo, ainda que repetisse vários dos nomes anteriores, dei preferência à inclusão de uma outra geração, na maioria autores nascidos na capital da República e muitos deles ainda estreantes, mas com uma literatura que trazia, nas histórias e na linguagem, a identidade com a cidade, na apreensão de seus cenários e idiossincrasias, aspectos até então ausentes nos autores da geração anterior. Isso possibilitou contemporizar duas realidades: a escrita das origens, centrada noutros ambientes geográficos, humanos e psicológicos dos que migraram para Brasília durante e após a construção, e aqueles que são filhos da terra e criaram uma outra linguagem, captaram outras tensões, obras contemporâneas do espírito vanguardista, renovador e modernista da cidade que nasceu da pranchetas de Niemeyer e Lúcio Costa, fruto do sonho de JK. Quanto à poesia, quis reunir num outro volume o grande número de vozes femininas e masculinas da poesia mineira, considerando essa colônia maciça que prepondera em Brasília junto com a dos migrantes nordestinos e que igualmente a estes, destaca-se pela qualidade de sua imensa bibliografia.

• O senhor mora em Portugal há alguns anos e parece viver uma vida literária bastante produtiva. Para além da escrita, está sempre participando de eventos e comissões julgadoras de concursos literários locais e internacionais. Pode falar um pouco sobre a sua relação com o país? Quais são as maiores benefícios de morar em Portugal?
Era um sonho antigo viver fora, então, aproveitei que havia me aposentado em 2016, após 35 anos de trabalho como bancário e atravessamos o Atlântico para essa nova experiência existencial, geográfica, cultural e histórica no velho continente, onde tenho também minhas raízes portuguesas (paterna) e italianas (materna). Mas também, e principalmente, para escapar à violência e ao espectro de conservadorismo, babaquice, preconceito, instabilidade político-institucional que vive o nosso país após o golpe criminoso do impeachment contra Dilma e a instauração do fascismo da era Bolsonaro-Moro-Guedes, que tornou o país inóspito e irrespirável. Então, não havia outra saída senão buscar uma outra vida, em território onde a tranquilidade social e a normalidade democrática estão plenamente asseguradas. Portugal apresentou-se como alternativa mais viável, tanto pela qualidade de vida e pelo baixo custo, como pelo conforto da língua, a proximidade afetiva e histórica que nos unem e por viver num país onde tudo funciona, os serviços públicos são de boa qualidade, sem a paranoia da insegurança e a certeza de que não seremos colhidos por uma bala perdida, pois nos grandes centros brasileiros e também já visível no interior, esse espectro é resultado do grande abismo entre classes e a injustiça social que é nosso maior passivo, gerador da miséria que culmina no tráfico e no crime, agudizado pela ausência do Estado no atendimento às necessidades básicas da população. Essa paz social e de espírito e a adoção de uma vida mais simples e o contato com a natureza (moramos a 15 km do centro de Lisboa, perto da praia, onde realizamos nossas caminhadas diárias) têm contribuído também para uma maior e melhor introspeção, sobretudo no que diz respeito à criação literária, o olhar prospectando outras realidades e atmosferas que acabam por incidir e influenciar na linguagem, eis que o contato também com experiências criativas e expressões estéticas do variado mundo da lusofonia europeia e africana são fundamentais para o aprimoramento de nosso processo de elaboração literária.

“No Brasil, ter vida literária, e não literatura, é o que muitas vezes conta.”

• Moendas de silêncios e Diolinas são duas novelas escritas a quatro mãos. A primeira, pelo senhor e por Whisner Fraga; e a mais recente, ao lado de sua esposa, Eltânia André. Como foi a experiência de escrever um livro em parceria com o amigo e outro com a esposa? É difícil trabalhar um texto literário de forma coletiva?
A escrita compartilhada é uma experiência instigante e desafiadora. É o encontro de possibilidades narrativas e criativas distintas, mas cujas peculiaridades se entrelaçam e se confundem no resultado final. Na verdade, minha primeira aventura na criação em coautoria foi com a novela juvenil Espelho, espelho meu, que escrevi em parceria com escritor alagoano-brasiliense Joilson Portocalvo. Uma história que nasceu depois que ele realizou uma oficina literária no Presídio da Papuda e lançamos o desafio de como seria escrever juntos e com olhares idiossincráticos uma mesma história. Foi então que surgiu esse livro, que aborda uma personagem enfrentando seus dilemas e conflitos em família, os desencontros amorosos e as tensões próprias da adolescência, tendo a obra sido ilustrada por vários detentos. Depois, a convite do amigo Whisner Fraga, surgiu Moenda de silêncios, uma novela adulta que aborda a vida de dois personagens oriundos do interior de Minas e que se conhecem e se tornam amigos num pensionado paulista e debatem-se com as contradições, os valores, o choque cultural e exigências da vida numa grande metrópole, divididos entre uma educação e costumes arraigados de suas origens e os desafios e contrastes da vida agitada, no mundo premido pelas disputas e luta pela sobrevivência. Já Diolindas foi meu terceiro livro escrito a quatro mãos, sendo igualmente um desafio muito estimulante, escrito em parceria com minha esposa, em que dou continuidade, já sob outro influxo, ao processo de escrita em que o apelo das nossas raízes comuns, sejam domésticas, sociais ou históricas, conduziram o fio narrativo, pois o universo guarda verossimilhança com o nosso mundo anterior em Cataguases, onde nascemos e convivemos com os mesmos cenários e descobertas. Não se trata de uma novela autobiográfica, mas flagra com nosso tempo interior e nossa geografia anterior, em que muitos elementos foram recolhidos como mote para a construção de alguns personagens. Em todos os casos o processo vai se construindo a partir de uma primeira chama, o enredo se entrecruza no compartilhamento de ideias, visões e estilos que se mesclam, no desenrolar de uma história ou de uma trama.

• Por que nunca uma novela ou romance sozinho?
Um livro solo em novela ou romance é o que está por vir. Creio que uma narrativa mais longa exige maior processo de concentração e depuração, o que venho fazendo num novo trabalho, mas sem prazo fatal para conclusão.

• Como tem sido a rotina em Portugal durante a pandemia? Tem conseguido ler e escrever com qualidade?
Nesses tristes tempos, viveu-se em estrita obediência ao estado de emergência e à quarentena decretados pelas autoridades, com a restrição de circulação nas ruas e fechamento das atividades nas áreas econômica, financeira, escolar e cultural. Por isso, o isolamento compulsório foi necessário e os contatos virtuais tomaram a cena em nossas vidas. Para interditar o tédio do confinamento, a releitura, a música, os filmes, a concentração na escrita pessoal predominaram nesse cenário de terra arrasada. Isso nos foi possível graças aos suportes eletrônicos, que nos permitiram baixar obras, películas, shows, que nos ajudaram nessa travessia.

“Considero-me essencialmente poeta, no entanto a narrativa é instância que tem me proporcionado o mesmo prazer estético, seja como leitor ou criador.”

• O senhor possui uma produção mais profícua na narrativa breve e na poesia. São os dois gêneros que, de fato, lhe dão mais prazer? Considera-se efetivamente um contista e poeta?
Considero-me essencialmente poeta, no entanto a narrativa é instância que tem me proporcionado o mesmo prazer estético, seja como leitor ou criador. O trânsito pelos gêneros, incluindo a crônica, bem como alguma resenha na imprensa escrita e eletrônica, tem me ajudado a compartilhar minhas ideias, apreensões, inquietações metafísicas, exorcizando fantasmas, vencendo a poeira do tempo, despistando a morte. Tomando emprestado de Fernando Pessoa, posso dizer também que, para além da responsabilidade estética e do compromisso ético que a literatura reclama de nós, “escrever não é uma ambição minha, é minha maneira de estar sozinho”. Mas, acima de tudo, permita-me repetir Octavio Paz, embora eu não acredite em privilégios: “Escrever é uma bênção”. E no fundo, como disse Autran Dourado numa entrevista ao jornal mineiro Hoje em Dia, também “escrever é hábito para se entender a loucura humana”.

• O senhor mantém contato com outros escritores brasileiros?
Nunca pertenci a grupos, patotas, guetos, igrejas, panelinhas e confrarias, seja no campo das relações literárias ou de instituições, no entanto mantenho convívios com alguns poucos escritores, amizades que antecedem às suas atividades ou movimentações literárias. No Brasil, salvo raras e honrosas exceções, a cena literária se articula nos bastidores, pelos relacionamentos, pelos compadrios, pelo sistema de vasos comunicantes e influências, pelo toma-lá-dá-cá, pelas pressões de grupo. Ter vida literária, e não literatura, é o que muitas vezes conta. É isso que também pauta os grandes jornais, a crítica e o mercado editorial, e que determina o reconhecimento, o termômetro (ou bafômetro) que afere a oportunidade e conveniência do convite aos escritores para as feiras literárias, hoje transformadas em passarelas fashions de um sistema editorial viciado e vicioso regido pelos fetiches do deus mercado, com seus cacoetes e modismos, com seus autores de proveta, muitas vezes incensando a escrita digestiva e de fácil comércio, erguendo altares à mediocridade, reflexo desse envolvimento cartorial dos dois lados, em detrimento dos verdadeiros e bons autores que vivem à margem desses arranjos.

• Nesses 30 anos de carreira literária, como o senhor enxerga a produção literária de lá pra cá e o próprio mercado editorial brasileiro, com o advento das pequenas editoras, que a cada dia vêm ganhando mais espaço e atenção por parte dos leitores? O que mudou no espaço literário?
A produção literária, seja na prosa, na poesia, no ensaio, na crítica ou no jornalismo tem sido prolífica e profícua. Não há dúvida de que as alternativas acessíveis à publicação são maiores que no passado, sobretudo via internet, com um sem-número de espaços a oferecer o trigo e o joio, numa perfeita democratização dos meios de produção cultural. É bom que se diga que nesse espectro em que a concentração ditatorial das grandes editoras exerce papel preponderante no que vai ser publicado, divulgado, resenhado e traduzido, o surgimento das pequenas editoras tem sido uma porta aberta para excelentes autores. Muitos autores (iniciantes ou veteranos no ostracismo) amargariam completo anonimato, sobretudo no interior do Brasil, caso não pudessem contar com esses abnegados e quixotescos editores da Patuá, Reformatório, Penalux, LetraSelvagem, Urutau, Moinhos, Caos & Letras, Laranja Original, Arribaçã, Gueto, Primata, Macondo, Corsário Satã, Quelônio, Demônio Negro, Malê e tantas outras. Vivemos um período profícuo, fértil de autores e obras, um verdadeiro “boom” na prosa e na poesia, e não fossem essas novas casas editoriais a enfrentar esse gargalo, tirando leite de pedra, matando um leão por dia, a acreditar na literatura, não haveria como dar vez e voz a tanta gente talentosa que vem fazendo a diferença em meio ao cipoal e às contradições de um cenário tão competitivo e exigente, pois é das pequenas editoras que vários concursos literários vêm revelando carreiras promissoras.

Cartografia do abismo
Ronaldo Cagiano
Laranja Original
192 págs.
Márwio Câmara

É  escritor, jornalista e crítico literário. Autor de Solidão e outras companhias (Oito e Meio, 2017) e Escobar (Moinhos, 2021).

Rascunho