Poemas de Matheus Guménin Barreto

Leia os poemas "Juízes, III, 22", "Josué, VI, 20" e "sem titulo"
Matheus Guménin Barreto, autor de “A máquina de carregar nadas”
02/04/2021

Juízes, III, 22

as tripas de Eglon rodeiam o braço
de quem o fura as tripas gordura excrementos de Eglon tentam
ainda talvez proteger rei Eglon as
tripas de Eglon dançam para fora de sua barriga
e o por do sol nelas se reflete
delicado

a sala ensombrecida não detém
o amor difícil de Aod
e a tocha esquecida de acender não aponta não aponta
o crepúsculo oleoso aos pés do rei
Eglon

o amor sempre encontra seu caminho
e mãos que o tracem

…..

Josué, VI, 20

a muralha de Jericó dispersa pelo chão:

cada rosto que se vira
(sombra & fraga
fraga & sombra)
de Seu amor:

cada rosto que se volta
de Seu santíssimo amor
(o anoitecer é rosa e azul):

para longe
do urgente santíssimo amor
(ríctus)
do Deus cocainômano
& só

…..

as ondas roem a manhã:
limpa de morte: um osso

…..

o brutal silêncio de Deus:

Seu amor medonho apodrecendo nas mãos

sem quem o colha
sob os ecos do pátio
(é sempre fim de tarde)

Matheus Guménin Barreto

Nasceu em 1992. É poeta e tradutor mato-grossense, um dos editores da revista Ruído Manifesto. É autor dos livros A máquina de carregar nadas (2017), Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (2018) e Mesmo que seja noite (2020).

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