Poemas de Eugenio De Signoribus

Leia os poemas traduzidos "Motete 1", "Motete 2", "Motete 3" e "Motete 4"
O poeta italiano Eugenio De Signoribus
03/02/2016

Apresentação e tradução: Patricia Peterle

Mottetto 1

Lontano dalle genti eppur tra loro
aspetto la chiamata ad una fonte
forse mai vista o forse ritrovata

aspetto l’adunanza…
se troverò chi chiama
se giungerà la voce

Motete 1

Longe das pessoas porém entre elas
espero o chamado junto a uma fonte
talvez nunca vista ou talvez achada

espero o adunar…
se eu encontrar quem chama
se a voz assomar

…..

Mottetto 2

Nel gorgo delle menti rivoltate
di ritrovare cerco la mia luce
come nel buio il credo da bambino

la luce che da sola
orienta la parola
e torno al mio mattino

Motete 2

No vórtice das mentes revoltadas
reencontrar procuro a minha lu
como no breu o credo de outrora

a luz mesmo sozinha
a palavra encaminha
e volto à minha aurora

…..

Mottetto 3

È ora necessario lacerare
l’esile velo tra mente e infinito
e sulla soglia snudata restare

sospeso due istanti…
poi il corpo sfinito
all’indietro o in avanti

Motete 3

É agora preciso lacerar
o tênue véu entre mente e infinito
e no limiar desnudado ficar

suspenso um duplo instante…
inda o corpo haurido
para atrás ou para adiante

…..

Mottetto 4

Urge sparire nell’intasamento
di quest’alloggio tutto corporale
dove non passa un cristallo di sale

provo a staccarmi in volo
ed è già preso il suolo…
prego m’arruoli il vento

Motete 4

Urge desvanecer no entupimento
dessa hospedaria toda corporal
onde nem passa um cristal de sal

tento em voo a liberação
e, já tocado o chão …
rezo, me recrute o vento

Eugenio De Signoribus (Cupra Marittima, 1947)
Ao lado de Milo de Angelis, Cesare Viviani, Enrico Testa, Patrizia Cavalli, é uma das vozes mais significativas da poesia italiana nos dias de hoje. Desses poetas, o único que está traduzido no Brasil é Enrico Testa, com o livro Ablativo (Rafael Copetti Editor). Em 2014, o Rascunho publicou alguns de seus poemas. Agora, publica poemas inéditos de Eugenio De Signoribus. Na verdade, mais do que poemas soltos, os quatro textos apresentam uma forma precisa: a do Motete, que na tradição poética do século 20 italiano não pode deixar de lembrar do nome de Eugenio Montale.
Patricia Peterle

É professora de literatura na UFSC.

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