Tá, você acabou de escrever seu primeiro livro. E agora, para quem você o envia? Para uma editora grande ou para uma editora pequena?
Imagino que o primeiro impulso de muitos seria responder “Para uma grande, é claro. Quero vender milhões de exemplares e virar um Paulo Coelho. Mas, se não der para me tornar um Mago, me contento em ser um José Saramago”.
Não é assim tão simples. Uma editora grande é uma boa opção se seu livro for tratado como grande. Se ele for apenas mais um livro dentro do catálogo, talvez não valha a pena. Você terá menos atenção e isso significa um investimento menor em divulgação.
Já tive livros bem tratados e mal tratados por editoras grandes (claro que ter atenção de uma grande não significa necessariamente que o livro terá sucesso; alguns títulos não emplacam mesmo), e a diferença é enorme.
Se você tiver um tratamento vip de uma grande, talvez o próprio dono da editora ligue para o pauteiro do caderno de artes de um jornal e diga “Cara, esse livro é demais, merece capa!” e aí o livro pode ganhar destaque e ter as vendas alavancadas.
Mas, como há editoras que lançam mais de 30 livros por mês, você pode apenas fazer parte do release padrão que é enviado toda semana. E aí fica difícil.
Já numa editora pequena, que lança, digamos, um ou dois livros por mês, certamente você terá todo o time trabalhando para você. O problema é que o time não será tão grande. E talvez não tenha o telefone do pauteiro do jornal.
É melhor ser cabeça de sardinha ou rabo de tubarão? Eis a questão.
Já tirei livros de editoras grandes e os coloquei na minha, a Padaria de Livros, e o resultado foi que as vendas melhoraram (mesmo minha editora sendo minúscula, publicando dois ou três livros por ano [e quase todos meus, para piorar]).
Voltando à comparação pesqueira, creio que o melhor é ser cabeça de tubarão. Se bem que cabeça de sardinha, em muitos casos, pode ser muito bom.
Aliás, não venha com frescura! Se você acabou seu primeiro livro, até mesmo rabo de sardinha é interessante.
Um aviso: acho importante o autor iniciante mandar seu texto para editoras comuns antes de recorrer à autopublicação (aquela em que o autor paga parte da edição). Se a resposta for “sim”, ótimo. E, se for “não”, o argumento da editora pode indicar um novo caminho ao autor, ou dar-lhe a entender melhor o que fez. O problema é que as respostas são um tanto raras.
Quando enviei meu primeiro livro (O Chalaça) para uma editora, ele havia recebido o Prêmio Nascente, aberto aos alunos da USP. Isso já lhe dava certo cacife. Então, dei mais uma revisada e o deixei na recepção da Companhia das Letras, então uma editora média, que publicava uns cinco livros por mês. Deu certo e eles editaram o livro. Mas, se não tivessem topado, eu iria dar um tiro de chumbinho, ou seja, mandar o original para várias editoras diferentes. Não editoras quaisquer, mas para as que eu mais lia na época.
Aliás, acho que uma dica interessante pode ser: “envie seu livro para as editoras que você mais lê”. Provavelmente é nela que seu texto se encaixará melhor, seja ela grande ou pequena.
Enfim, caso você realmente esteja nessa posição de haver terminado seu primeiro livro, desejo-lhe boa sorte e teimosia.