Pequena byblioteka do LunaLaby (final)

No último texto dedicado à biblioteca alternativa imaginada pelo autor, uma imensa lista de estrelas-irmãs ajudam a compor a constelação revolucionária
Jamil Snege, autor de “Como (eu) se fiz por si mesmo”. Foto: Daniel Snege
01/09/2021

Abaixo de Catatau podemos ver PanAmérica, romance de José Agrippino de Paula, de 1967, e o Jornal Dobrabil, miscelânea de Glauco Mattoso, de 2001.

PanAmérica > narrativa não-realista > linguagem monocórdia-descritiva > fluxo supermetódico de uma consciência não-domesticada > uso constante da anáfora > personagens não-domesticados > enredo aloprado-erótico-labiríntico-irreverente > tempo-espaço fantástico.

Jornal Dobrabil > linguagem eclética > profusão de trocadilhos e neologismos e palavras-montagem > fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

À esquerda de Catatau podemos ver Outra inquisição, romance de Uilcon Pereira, de 1982, e O rosto da memória, coletânea de ficções de Décio Pignatari, de 1986.

Outra inquisição > narrativa não-realista > narrador dramatúrgico > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredo aloprado-irreverente > tempo-espaço labiríntico.

O rosto da memória > narrativas realistas-abstratas ou não-realistas > linguagem ora cubista ora concretista > profusão de trocadilhos & neologismos > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredos aloprados > tempo-espaço labiríntico.

À esquerda de Mnemomáquina podemos ver Os anões, coletânea de ficções de Veronica Stigger, de 2010, e Até que a brisa da manhã necrose teu sistema, romance de Ricardo Celestino, de 2021.

Os anões > narrativas realistas-abstratas ou não-realistas > linguagem eclética > narrador ora protocolar ora dramatúrgico ora metonímico > uso recorrente do insólito e do nonsense > personagens não-domesticados > enredos aloprados > tempo-espaço deformado.

Até que a brisa da manhã necrose teu sistema > narrativa realista-futurista > linguagem barroca > uso recorrente do enjambement > personagens não-domesticados > enredo aloprado-escatológico-labiríntico > tempo-espaço fantástico.

À esquerda de A cachoeira das eras podemos ver Cinevertigem, romance de Ricardo Soares, de 2005, e A obscena senhora D, romance de Hilda Hilst, de 1982.

Cinevertigem > narrativa não-realista > linguagem caudalosa-barroca > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > uso constante da anáfora > enredo aloprado-labiríntico-irreverente > tempo-espaço caleidoscópico.

A obscena senhora D > realismo psicológico-abstrato > linguagem & personagens hiper-subjetivos > investigação esotérica-escatológica > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

Acima de A cachoeira das eras podemos ver A puta, romance de Márcia Barbieri, de 2016, e Um minuto, romance de Newton Cesar, de 2010.

A puta > realismo psicológico-abstrato > linguagem caudalosa-barroca > fluxo selvagem de uma consciência não-domesticada > ausência de parágrafos > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

Um minuto > narrativa não-realista > leitura do final para o início > enredo aloprado-irreverente sci-fi > tempo-espaço fantástico.

Acima de Macunaíma podemos ver Água viva, romance de Clarice Lispector, de 1973, e O peso do pássaro morto, romance de Aline Bei, de 2017.

Água viva > realismo psicológico-abstrato > linguagem & personagens hiper-subjetivos > investigação ontológica > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

O peso do pássaro morto > realismo psicológico-abstrato > uso recorrente do enjambement > personagens não-domesticados > enredo espiralado > tempo-espaço labiríntico.

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A constelação revolucionária que ocupa as estantes da pequena byblioteka do LunaLaby é composta de muitas outras estrelas-irmãs que, dispersas no obtuso tempo-espaço diacrônico mercantilista, raramente são reconhecidas como estrelas-irmãs de uma potente família espiralada.

[Reconhecimento de padrões: Cabaré Voltaire.]

[Arte, a-arte & antiarte.]

• São narrativas não-realistas ou realistas-futuristas ou realistas-abstratas ou realismo psicológico-abstrato ou realismo relativista-cubista ou realismo-bricolagem.

• Linguagem caudalosa-barroca ou hiper-subjetiva ou multifacetada ou dadaísta ou cubista ou concretista ou monocórdia-protocolar ou tudo isso misturado, ou seja, linguagem eclética, configurando um fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

• Ausência de parágrafos, pontuação & maiúsculas ou paródia de português arcaico ou portunhol selvagem ou profusão de trocadilhos e neologismos e palavras-montagem e palíndromos ou uso recorrente da anáfora e do nonsense ou uso recorrente do enjambement ou narrador dramatúrgico ou narrador-montador ou tudo isso misturado configurando um fluxo endiabrado de uma consciência não-domesticada.

• Personagens não-domesticados ou personagens autoconscientes (que sabem que são apenas personagens num texto literário).

• Enredos espiralados ou fragmentados ou aloprados.

• Tempo-espaço fantástico ou caleidoscópico ou deformado ou labiríntico.

Em ordem alfabética:

(Gx2) Realidade total, novela de Maria Alzira Brum, de 2018.

A festa, romance de Ivan Ângelo, de 1976.

A implosão do confessionário, romance de Uilcon Pereira, de 1984.

A múmia do rosto dourado do Rio de Janeiro, romance de Fernando Monteiro, de 2001.

A Nova Holanda, ficção de Sérgio Rubens Sossélla, de 1989.

Adorável criatura Frankenstein, romance de Ademir Assunção, de 2003.

Ainda orangotangos, coletânea de contos de Paulo Scott, de 2007.

Amália atrás de Amália, romance de Marco Aqueiva, de 2919.

Amorquia, romance de André Carneiro, de 1991.

Atlas Almanak, miscelânea coletiva, de 1988.

Como (eu) se fiz por si mesmo, memórias de Jamil Snege, de 1994.

Contos negreiros, coletânea de contos de Marcelino Freire, de 2005.

Decálogo da classe média, coletânea de ficções de Sebastião Nunes, de 1998.

Dedo negro com unha, romance de Daniel Pellizzari, de 2005.

Dedos impermitidos, coletânea de ficções de Luci Collin, de 2021.

Desabrigo, novela de Antônio Fraga, de 1945.

Eles eram muitos cavalos, romance de Luiz Ruffato, de 2001.

Encarniçado, ficções de João Filho, de 2004.

Grogotó, coletânea de minicontos de Evandro Affonso Ferreira, de 2000.

Hotel Hell, novela de Joca Reiners Terron, de 2003.

Livro dos começos, ficções-reflexões de Noemi Jaffe, 2016.

Lugar público, romance de José Agrippino de Paula, de 1965.

Matriuska, coletânea de contos de Sidney Rocha, de 2009.

Memórias póstumas de Brás Cubas, romance de Machado de Assis, de 1881.

Memórias sentimentais de João Miramar, romance de Oswald de Andrade, de 1924.

Meu tio Roseno, a cavalo, romance de Wilson Bueno, de 2000.

Minha mãe morrendo e O menino mentido, ficções de Valêncio Xavier, de 2001.

Na rua, a caminho do circo, coletânea de ficções de Assionara Souza, de 2015.

Nonadas, romance de Uilcon Pereira, de 1983.

Nossa Senhora D’Aqui, romance de Luci Collin, de 2015.

Nove novena, coletânea de contos de Osman Lins, de 1966.

O abduzido, romance de Jairo B. Pereira, de 1999.

O avesso dos dias, romance de Claudio Galperin, de 1999.

O guesa, poema narrativo de Joaquim de Sousândrade, de 1888.

O paraíso é bem bacana, romance de André Sant’Anna, de 2006.

O púcaro búlgaro, romance de Campos de Carvalho, de 1964.

o que devíamos ter feito, coletânea de contos de Whisner Fraga, de 2020.

O tal eros só: osso relato, coletânea de ficções de Paulo Ribeiro, de 2010.

O valete de espadas, romance de Gerardo Melo Mourão, de 1986.

Opisanie swiata, romance de Veronica Stigger, de 2013.

Panteros, romance de Decio Pignatari, de 1992.

Paranoia, delírios de Roberto Piva, de 1963.

Pequena coreografia do adeus, romance de Aline Bei, de 2021.

Pescoço ladeado por parafusos, coletânea de ficções de Manoel Carlos Karam, de 2001.

Piscina livre, romance de André Carneiro, 1980.

Regurgitofagia, coletânea de ficções de Michel Melamed, de 2004.

Seu azul, romance de Gustavo Piqueira, de 2013.

Triple frontera dreams, coletânea de ficções de Douglas Diegues, de 2017.

Um homem burro morreu, coletânea de contos de Rafael Sperling, de 2014.

Vagas notícias de Melinha Marchiotti, romance de João Silvério Trevisan, de 1984.

Viagem a Andara, coletânea de ficções de Vicente Cecim, de 1988.

Viva vaia, transgressões de Augusto de Campos, de

Nelson de Oliveira

É ficcionista e crítico literário. É autor de Poeira: demônios e maldições e Ódio sustenido, entre outros.

Rascunho