No ano passado, a carioca Adriana Lisboa transitou por dois gĂŞneros literários — romance e poesia — para explorar sentimentos e acontecimentos relacionados Ă transitoriedade da vida, como o arrependimento, a perda, o perdĂŁo, a liberdade, a dispersĂŁo e a busca humana por um porto seguro. Na prosa de fĂ´lego, em Todos os santos, a autora conta a histĂłria de Vanessa, uma biĂłloga que está vivendo na Nova Zelândia, e sua relação turbulenta com AndrĂ©, com o qual está ligada devido a uma perda na infância. “Como se vocĂŞ e eu tivĂ©ssemos sido trazidos atĂ© aqui pelas águas”, diz a narradora na abertura da obra, o que denota os mistĂ©rios que permeiam a relação dos personagens. Já nos poemas de Deriva, escritos ao longo de dois anos e cujo tĂtulo Ă© um indicativo do teor do conjunto, constrĂłi-se uma voz dispersa entre diferentes lugares, buscando reproduzir as incertezas provenientes nĂŁo sĂł do deslocamento fĂsico, mas as que sĂŁo alimentadas internamente por quem está Ă procura de algo.