🔓 Eu vou, tu vais, ele vai

"Eu vou, tu vais, ele vai" traz a história de Richard, um pacato e discreto filólogo que, depois de sua aposentadoria, começa a reconstruir sua identidade como pessoa e como cidadão
Eu vou, tu vais, ele vai
Jenny Erpenbeck
Trad.: Sergio Tellaroli
Companhia das Letras
366 págs.
01/06/2025

Eu vou, tu vais, ele vai traz a história de Richard, um pacato e discreto filólogo que, depois de sua aposentadoria, começa a reconstruir sua identidade como pessoa e como cidadão. Nascido e criado na extinta (e socialista) Alemanha Oriental, Richard experimentara a sensação de se transformar numa espécie de “outro” dentro da nova nação reunificada (e capitalista). Um quarto de século depois, diante da chegada massiva de imigrantes e refugiados africanos à Alemanha, ele se depara com outros “outros”. Tinham algo em comum? Richard desconfia que sim e se aproxima daquelas pessoas. Assim, ele as retira da multidão disforme — fixada na imagem de barcos precários e apinhados de gente arriscando a vida para entrar na Europa — e as (re)conhece no que têm de singular: suas angústias, anseios, sonhos, recantos de felicidade.
Rico em nuances e sutilezas, este romance demonstra que o desafio político e social de lidar com a diferença dificilmente será bem-sucedido sem que cada um de nós se coloque diante do dilema ético do encontro com o outro. Um romance que é ao mesmo tempo uma história emocionante sobre a vida do imigrante moderno e uma meditação sobre como todos nós encontramos sentido na vida. Jenny Erpenbeck nasceu em Berlim Oriental em 1967 e é diretora de ópera, dramaturga e romancista. É um dos principais nomes da literatura e da dramaturgia alemã contemporânea. Sua obra, traduzida para mais de 30 idiomas, inclui romances, novelas, ensaios, contos e peças de teatro. É ganhadora, entre outros, dos prêmios literários Thomas Mann (Alemanha, 2016), Strega (Itália, 2017) e Lee Hochul (Coreia do Sul, 2021). Em 2024, seu romance Kairos venceu o International Booker Prize 2024, que homenageia autores e tradutores igualmente por uma obra de ficção traduzida para o inglês e publicada no Reino Unido ou Irlanda. Ela superou Itamar Vieira Junior e a versão em língua inglesa de Torto arado, além da autora argentina Selva Almada. O livro conta uma história íntima e devastadora de dois amantes pelas ruínas de um relacionamento, tendo como pano de fundo um período sísmico da história europeia. A história começa em 1986, quando eles se encontram por acaso em um ônibus. Ela é uma jovem estudante de 19 anos, ele é mais velho, de 50 anos, e casado. A atração deles é intensa e repentina, alimentada por uma paixão compartilhada pela música e pela arte, e intensificada pelo sigilo que devem manter. Mas quando ela se perde por uma única noite, ele não consegue perdoá-la e uma fissura perigosa se forma entre eles, abrindo espaço para a crueldade, a punição e o exercício do poder. E o mundo à sua volta também está a mudar: à medida que a Alemanha Oriental começa a desmoronar, o mesmo acontece com todas as velhas certezas e velhas lealdades, inaugurando uma nova era cujos grandes ganhos também envolvem perdas profundas.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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