No mais recente livro de contos do paranaense Miguel Sanches Neto, um jovem busca o pai em uma velha máquina de escrever, igual a que o pai usava para datilografar o fabuloso livro nunca escrito, após um mítico elogio de Gabriel García Márquez. A mulher que criou os filhos sozinha, depois de o marido deixá-la para tentar sua felicidade, faz uma viagem à sua cidade natal, Peabiru, e outra a Madri, buscando-se de dentro e de fora. As inquietações sexuais de um casal já sem a exuberância da juventude, tendo a juventude como uma sombra mal resolvida. De onde vem a insônia é composto de seis contos longos — ou pequenas novelas — que tentam esmiuçar a alma humana. “Enquanto você aprendia a falar, seu pai se divertia com os seus erros. Viu você virar linguagem. E o livro não saía. Foi difícil para mim viver esses anos. Quando você soltava um termo espirituoso, ele corria para a máquina de escrever, como se algo superior houvesse visitado a imaginação dele. E a folha continuava em branco. Era desesperador. Você ganhava linguagem, ele perdia”, diz o narrador de Bloqueio de escrita.