Em seu quarto livro de poemas, dividido nas seções praga & ossos e carne & alma, André Caramuru Aubert reúne versos escritos entre setembro de 2018 até o mesmo mês de 2020. Nos dois anos de gestação da obra, o Brasil — e o mundo — passaram por algumas turbulências, com destaque para duas: o início do governo Bolsonaro, com seus inúmeros problemas, e a pandemia do novo coronavírus, iniciada em março do ano passado — e que ainda persiste no país, já tendo tirado mais de 430 mil vidas. De acordo com o autor, como poetas não vivem em torres de marfim, seria impossível não se deixar influenciar pelo clima sombrio. Na primeira parte, o eu lírico não busca embelezar a realidade: o que se evidenciam são os ventos fúnebres, a tristeza e a desesperança. Já na segunda parte, levando em conta a ideia de que há espaço para celebrar o amor em meio ao caos, destacam-se trabalhos mais líricos e sensuais. O romance Poesia chinesa (2018) e o livro de poemas se/ o que eu vi (2019) são as duas publicações anteriores do autor.