🔓 Peter Handke publica novo romance após o Nobel

“A segunda espada: uma história de maio” traz narrador que quer vingar a mãe, acusada pela  imprensa de ser simpatizante do nazismo
Peter Handke, autor de “A segunda espada”
03/10/2022

Em 2019, Peter Handke  foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. O romance A segunda espada: uma história de maio é a primeira publicação literária do autor após receber o Prêmio Nobel de Literatura 2019. A obra foi aguardada com grande expectativa, sobretudo porque a laureação do autor fez crescer a controvérsia envolvendo seu nome e as guerras na antiga Iugoslávia.

O livro não trata dessa polêmica diretamente, mas, por abordar uma vingança contra uma pessoa da imprensa, há quem diga que o texto é uma “alfinetada” da literatura em certo tipo de jornalismo que insiste em alimentar sensacionalismos.

A segunda espada tem um “herói” que abre sua história reconhecendo no espelho diante de si a imagem de um vingador. Esse narrador em primeira pessoa, então, se propõe a vingar sua mãe, acusada por pessoa da imprensa, em um artigo de jornal, de simpatias nazistas. O que ocorrerá com esse projeto de vingança é um biombo para — como sempre em Handke — colocar em cena o ato da escrita.

Seja pela tensão narrativa ou por outras questões estéticas, o fato é que sua campanha vingativa está o tempo todo em digressão. A narração atrasa, como que de propósito, a ação agressiva, preocupando-se em discutir diversas referências literárias, comentar a si mesma e fazer desse adiamento a ação que importa.

Handke publicou dezenas de obras, entre elas várias que marcaram época, como a peça Kaspar (1968), as novelas ensaísticas como Tarde de um escritor (1987), a série de Ensaios e os romances A mulher canhota (1976), Numa noite escura, deixei minha casa silenciosa (1997) e A noite moraviana (2008). Com Wim Wenders, assinou os roteiros de O medo do goleiro ante o pênalti (1972) e Asas do desejo (1987).

A segunda espada: uma história de maio
Peter Handke
Trad.: Luis S. Krausz
Estação Liberdade
176 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

Rascunho