“Risque esta palavra acabou se tornando um livro muito atravessado pela questão da morte e do luto. Ao mesmo tempo, espero que ele não seja apenas um livro elegíaco”, diz a poeta mineira Ana Martins Marques sobre seu mais recente livro, realizado em parte ao longo da pandemia.
O bate-papo com a escritora, conduzido por Bruna Meneguetti, é um dos destaques da edição de setembro do Rascunho, que já está toda disponível no site e segue para os assinantes do impresso.
Além de comentários sobre o momento atual, a entrevista é permeada por uma reflexão da poeta sobre a “potência da linguagem”. “A poesia pode nos ajudar a lançar um novo olhar sobre os objetos cotidianos, inclusive sobre esse estranho objeto do qual nos servimos cotidianamente que é a linguagem.”
Outro poeta, o gaúcho Paulo Scott, também fala sobre seu ofício e diversos outros temas, como racismo, política, democracia e justiça. Ele foi o terceiro convidado da 10ª temporada do Paiol Literário — projeto realizado pelo Rascunho, com patrocínio do Itaú, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Já Eucanaã Ferraz, autor de Retratos com erro, é o convidado da seção “Inquérito”. Ele responde questões como “O que mais lhe incomoda no meio literário? (O que não é literatura. O que é literário) e “O que é um bom leitor?” (Aquele que disponível existencial e intelectualmente para dar vida ao poema).
Resenhas e ensaios
Dois livros que discutem o panorama da literatura brasileira são comentados. A resenha de O prego e o rinoceronte: resistências na literatura brasileira, da professora da UnB Regina Dalcastagnè, é assinada por Marcos Pasche. E André Argolo escreve sobre Poesia em risco, livro em que a professora da USP Viviana Bosi apresenta o trabalho de importantes escritores brasileiros, como Ferreira Gullar, Augusto de Campos e diversos nomes da poesia marginal dos anos 1970.
Outros dois livros de autores importante das literatura brasileira contemporânea são resenhados: o romance policial Baixo esplendor, de Marçal Aquino, é comentado por Ramon Ramos, e o livro de contos Tramas de meninos, de João Anzanello Carrascoza, ganha análise de Márcia Lígia Guidin. Além disso, Cristiano de Sales fala sobre O mistério de haver olhos, coletânea de poemas de Luciana Eastwood Romagnolli.
Entre os livros de autores estrangeiros, Raquel Matsushita comenta A história do senhor Sommer, do alemão Patrick Süskind, que “traz breves relatos que vão descortinando as memórias de um misterioso andarilho”.
Considerado um clássico da literatura argentina, Eisejuaz, de Sara Gallardo, ganha tradução em português, comentada por Bruno Nogueira. E a trilogia ficcional de Hilary Mantel sobre a trajetória do estadista inglês Thomas Cromwell é analisada em ensaio de Vivian Schlesinger.
Em outro texto de fôlego, o poeta e tradutor André Caramuru Aubert escreve sobre a juventude genial de Ezra Pound, autor-tradutor de Cathay, e do vislumbre de sua loucura, “quando rendeu-se às boçalidades fascistas e antissemitas”.
Já o escritor e jornalista João Lucas Dusi encerra a leitura dos seis romances que compõem a série Minha Luta, de Karl Ove Knausgård, com o ensaio Lixeiro da alma, em que analisa as idiossincrasias do projeto literário do autor norueguês.
Recomenda
Na seção “Recomenda”, aparecem 16 livros escolhidos pelos editores do Rascunho. Entre eles, o romance Lili, de Noemi Jaffe, Você não vai dizer nada, de Julia Codo, Olho roxo, de Leandro Damasceno Leal, e As aventuras de Lorde Nélson: uma trilogia, de Caléu Moraes.
Colunas
Na coluna “Conversa, escuta”, Alcir Pécora comenta o novo livro de Luis Dolhnikoff, Impressões do pântano, em que “Dolhnikoff não o economiza jamais: escreve sobre todos os assuntos, com vasta predominância dos contemporâneos, usando grande variedade de instrumentos poéticos e críticos”.
Já Tércia Montenegro dedica sua coluna à trajetória da poeta polonesa Wislawa Szymborska. A partir da biografia da escritora, Quinquilharias e recordações, Tércia elenca várias questões importantes da vida e da obra da personagem.
Completam ainda o time de colunistas: Carola Saavedra, Eduardo Ferreira, Fabiane Secches, João Cezar de Castro Rocha, Jonatan Silva, José Castilho, José Castello, Luiz Antonio de Assis Brasil, Maíra Lacerda, Nelson de Oliveira, Nilma Lacerda, Ozias Filho, Rinaldo de Fernandes e Wilberth Salgueiro. A arte da capa é assinada pela artista Denise Gonçalves.
Histórico
O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000 pelo jornalista e escritor Rogério Pereira. Com sede em Curitiba e distribuído para todo o Brasil e exterior, é nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs. O conteúdo mensal aborda a produção dos principias nomes da literatura brasileira e estrangeira.
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