Vidraça #237

Residência literária em Xagai, tradução de livro de Sandra Cisneros e outros assuntos do mercado editorial
A mexicana Sandra Cisneros terá o romance “A casa na rua Mango” traduzido no Brasil
01/01/2020

Residência literária em Xangai
Estão abertas as inscrições para a Residência Literária de Xangai. O programa seleciona escritores para ficarem em setembro e outubro na cidade chinesa, e oferece passagens aéreas, hospedagem e um subsídio diário equivalente a R$ 25,00. Para concorrer, deve-se solicitar um formulário de inscrição para o Consulado-Geral do Brasil em Xangai ([email protected]). As inscrições terminam em 31 de março. A iniciativa já recebeu 100 escritores de 37 países. Paulo Scott foi um dos autores contemplados em 2019.

Inédito
A Dublinense publica no primeiro semestre The house on Mango Street, obra máxima da norte-americana Sandra Cisneros. A tradução será de Natalia Borges Polesso. The house on Mango Street narra a um ano na vida de Esperanza, uma menina mexicana de 12 anos vivendo em Chicago e que começa a encarar as dificuldades de amadurecer em um país que não é o seu.

Aos amantes do futebol
A Approach Comunicação estreia no segmento editorial. A iniciativa, comandada por Sergio Pugliese e Marcos Eduardo Neves, inclui o selo Museu da Pelada, voltado para o futebol. As três obras no prelo têm ligação com o esporte: são duas biografias — de Marilene Dabus, primeira mulher a cobrir futebol no Brasil, e do artilheiro uruguaio Loco Abreu, ídolo do Botafogo — e crônicas do ex-jornalista Oldemário Touguinhó sobre seu melhor amigo, o Pelé.

El Maestro
María Kodama, viúva de Jorge Luis Borges, envolveu-se em mais uma polêmica devido ao espólio do maestro. A controvérsia se deu após o presidente eleito da Argentina afirmar que criará um museu em homenagem ao autor d’O Aleph. O acervo seria criado a partir de originais doados pelo empresário Alejandro Roemmer. A polêmica começou depois de Kodama afirmar que os itens que irão compor o museu são “todos roubados”. A viúva ficou irritada por não ter sido consultada a respeito da homenagem. “Todos fazem o que querem: ninguém pergunta a ninguém e nem respeita ninguém. Assim é esse país”, disse.

Oceanos das mulheres
A brasileira Nara Vidal (leia Inquérito na página 15) foi uma das três escritoras premiadas pelo Oceanos. O romance Sorte (Moinhos) ficou em terceiro lugar. A primeira colocação foi para Luanda, Lisboa, Paraíso, da angolana Djaimilia Pereira de Almeida (Companhia das Letras). A portuguesa Dulce Maria Cardoso venceu com Eliete — A vida normal, ainda inédito por aqui.

Polêmica na Flip
A escolha da poeta norte-americana Elizabeth Bishop como homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) causou polêmica. Parte pelo fato em si de ser estrangeira, parte pela defesa que a escritora — que morou 15 anos no Brasil — fez da ditadura militar. Apesar de todas as críticas e ameaças de boicote, a curadora Fernanda Diamant não recuou da decisão.

Abuso
A mexicana Elena Poniatowska revelou que seu primeiro filho nasceu fruto de um estupro. O agressor seria Juan José Arreola, que morreu em 2001. O ato aconteceu em 1954, quando Poniatowska frequentava oficinas de criação literária de Arreola. “Eu não sabia o que era um sedutor”, disse ao El País, “e ele o era com as suas alunas. O que aconteceu eu determinaria como um abuso de um homem adulto com uma moça deslumbrada, que, além disso, saiu de um convento e, é horrível dizer, mas eu não sabia o que estava acontecendo”.

 

 BREVES
A Skyline Produções comprou os direitos de adaptação para o cinema da novela Mônica vai jantar, do baiano Davi Boaventura. A direção será de Pedro Guindani, responsável pelos filmes Raia 4 e Desvios.

A Rádio Londres publica neste mês o romance Marcas de nascença, de Arnon Grunberg, autor de Tirza e O homem sem doença. A edição conta com tradução direta do holandês de Mariângela Guimarães.

No final de fevereiro está programada a publicação pela Companhia das Letras do segundo volume da trilogia O assassinato do comendador, do japonês Haruki Murakami.

E em janeiro, sai A barata, novela satírica de Ian McEwan em que uma barata é transformada no Primeiro Ministro britânico. A tradução é do Jório Dauster.

O Prêmio Barco a vapor de literatura infantil e juvenil está com inscrições abertas até 31 deste mês. O vencedor recebe R$ 40 mil e tem o livro publicado pela SM Educação. Acesse: http://bit.ly/BAVPR.

A Companhia das Letras levou a maioria dos prêmios literários da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Com destaque para Crocodilo, de Javier A. Contreras, escolhido como melhor Romance. A gaúcha Luísa Geisler levou o prêmio na categoria Juvenil com Enfim, Capivaras.

 

Jonatan Silva

É jornalista e escritor, autor de O estado das coisas e Histórias mínimas.

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