Minha escritora Rogério Pereira Campo Largo – PR “A traqueostomia abandonou na sala de casa um gramofone quebrado da marca Mãe. Está voltando a uma infância inexistente, perdida na roça. O mundo é silêncio e solidão.” Agosto de 2013, Edição 160, Rogério Pereira
Carta a Deus Rogério Pereira Campo Largo – PR Não sei por onde o senhor anda. É difícil encontrá-lo. Mas não se pode perder a esperança. A mãe vive pelos cantos em busca da sua ajuda Edição 159, Julho de 2013, Rogério Pereira
Andorinhas sempre nos observam Rogério Pereira Campo Largo – PR O pó se acumula com facilidade. Passo o pano com atenção nos cantos. De onde vem tanto pó? Edição 158, Junho de 2013, Rogério Pereira
Leão-marinho encalhado Rogério Pereira Campo Largo – PR Encontramos o pai estirado no chão de terra. A boca virada para baixo. A poeira aspirada com sofreguidão Edição 157, Maio de 2013, Rogério Pereira
O louva-a-deus reza Rogério Pereira Campo Largo – PR A mãe acredita em Deus. Ao pé da escada, o corpo retorcido acaricia as páginas da Bíblia. Deus está em algum lugar ali dentro Abril de 2013, Edição 156, Rogério Pereira
Dr. Arno e meus 40 anos Rogério Pereira Campo Largo – PR Na segunda-feira passada, completei quarenta anos. Para comemorar, levei a mãe ao oncologista. Sempre que o rosto ganha uma cor indefinida Edição 155, Março de 2013, Rogério Pereira
A casa é de tijolos Rogério Pereira Campo Largo – PR A mãe sempre sorri quando me encontra. Não sei se de felicidade por constatar que ainda estou vivo Edição 154, Fevereiro de 2013, Rogério Pereira
Festa de aniversário Rogério Pereira Campo Largo – PR Sentada no sofá, de costas para a porta, ela não me esperava. Cheguei de surpresa no fim da tarde Edição 153, Janeiro de 2013, Rogério Pereira
Minha baleia Rogério Pereira Campo Largo – PR Minha mãe é uma baleia fracassada: esquelética e náufraga sem nunca ter se aventurado pelos mares Dezembro de 2012, Edição 152, Rogério Pereira
A menina no guarda-roupa Rogério Pereira Campo Largo – PR Tenho um grande problema: comprar um guarda-roupa. Ou me livrar de um. A casa vazia segue à espera. Não desconfia de que a vida que a habitará está no fim. Edição 151, Novembro de 2012, Rogério Pereira