🔓 A conversa

Darrin Bell tinha seis anos quando sua mĂŁe disse que ele nĂŁo podia ter uma arminha de brinquedo
A conversa
Darrin Bell
Trad.: floresta
Amarcord
352 págs.
01/07/2025

Darrin Bell tinha seis anos quando sua mãe disse que ele não podia ter uma arminha de brinquedo. Ela temia pela segurança do filho, pois a polícia tende a enxergar crianças negras como mais velhas e menos inocentes do que elas realmente são. Aos olhos de um policial, a arminha realista na mão do pequeno Darrin poderia dar a entender que não se tratava de uma brincadeira. Mas aquela não foi uma conversa comum entre mãe e filho. Aquela foi A conversa. Nesta HQ autobiográfica, por meio de ilustrações e humor afiado, Darrin Bell reconta como aquela conversa moldou seu comportamento desde a infância até a idade adulta. Ao atingir a maioridade, o jovem cartunista passou por um processo doloroso de consciência sobre por que professores, vizinhos e policiais brancos o consideram perigoso. Vigiado, ameaçado e vivendo numa Los Angeles hostil para pessoas como ele, Darrin encontra sua voz através da charge e dos quadrinhos, e devolve seus incômodos em forma de arte. Com seus cartuns que denunciam a violência policial contra pessoas negras nos Estados Unidos, Darrin nos leva até o momento em que a população foi às ruas protestar contra o assassinato de George Floyd e Breonna Taylor, em um dos momentos mais dramáticos da vida pública estadunidense, que tornou o movimento Black Lives Matter mundialmente conhecido. Darrin mostra como foi aprendendo a “mostrar as mãos”, no sentido de convencer as autoridades americanas — todos os dias — de que não representava uma ameaça. Uma performance de bom cidadão. Ele conta que foi só assim que entendeu por que sua mãe não deixava que brincasse com arminhas de brinquedo. Crianças brancas podiam fazê-lo, percebeu. Crianças negras, porém, seriam confundidas com criminosos. Agora um profissional bem-sucedido — sendo inclusive o primeiro cartunista negro a ganhar o prêmio Pulitzer —, Darrin revive o momento-chave que mudou sua vida e precisa decidir quando e como ele e seu filho de seis anos vão ter “A conversa”. O livro concilia sua vida pessoal e sua visão sociopolítica em uma autobiografia bem costurada que mistura memórias e percepções poderosas sobre as relações raciais e a violência policial. Para o jornal New York Times, Darrin, “ao revisitar sua infância em Los Angeles, explora o racismo em um nível profundamente pessoal”.

Rascunho

O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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