A poeta americana Emily Dickinson publicou apenas dez poemas em vida, que foram veiculados em jornais. Mas sua obra não para de ser editada desde 1886, quando ela morreu. A Editora Unicamp publica agora o segundo volume da Poesia Completa da escritora, que ganha o nome de Folhas soltas e perdidas.
Com tradução de Adalberto Müller, o volume mostra Dickinson fora do Ć¢mbito dos fascĆculos, quando, depois de haver alcanƧado simultaneamente as fronteiras mais longĆnquas de seu estilo, ela entrou mais uma vez numa fase de profunda experimentação.
āMarcados por notĆ”veis e novos passos rumo ao exĆlio e Ć alegria, ao desprendimento e ao deleite, tais textos tambĆ©m nos levam a conhecer mais a fundo o processo lĆrico de seus esboƧos, quando a mĆ£o que corre pelas folhas soltas Ć© acometida e tomada por uma estranha agĆŖncia, por um Outro que, como a poeta escreveu, ābaixaā e ātoma conta da mente da genteāā, diz a professora Marta Werner na apresentação da obra.
Nasceu em Amherst, Massachusetts (EUA), em 1830, Dickinson morreu na mesma cidade, em 1886. Em uma das poucas viagens que realizou, a poeta apaixonou-se pelo reverendo Charles Wadsworth, um amor que nunca foi correspondido. Dickinson viveu grande parte da vida na casa paterna, em um quase isolamento fĆsico, e enfrentou diversas crises depressivas. As pessoas mais próximas da poeta foram seus irmĆ£os, Lavinia e Austin, e a mulher dele, Susan Gilbert, que alĆ©m de amigos eram parceiros intelectuais.
Após sua morte, porém, sua irmã descobriu um verdadeiro tesouro na cÓmoda de seu quarto: manuscritos de cerca de 1.800 poemas, escritos ao longo de 30 anos. Logo, a obra de Emily Dickinson foi alçada a uma das principais da literatura mundial.