Precursora da literatura abolicionista e fundadora da literatura afro-brasileira, a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917) Ć© tema do projeto Roda de Leitura, que o ItaĆŗ Cultural realiza nesta quarta-feira (29), Ć s 17h.
à da autora o conto A escrava, que conduz a conversa, mediada por Ana Estaregui e Renata Pimentel, consultoras da programação. O encontro acontece pela plataforma Zoom e a inscrição deve ser feita gratuitamente pelo link.
A escrava mostra o combate Ć escravização que caracteriza a escrita da autora, primeira mulher negra a ter um romance publicado no paĆs. No texto, uma narradora-personagem conta sobre seu enfrentamento com um senhor de escravos, no ambiente hostil de uma reuniĆ£o social, no qual ela desafia o sistema para proteger uma mulher escravizada e seu filho.
Maria Firmina Ć© considerada um caso Ćŗnico na história e na cultura brasileira. Embora tenha ganhado luz nas Ćŗltimas dĆ©cadas como um Ćcone de resistĆŖncia, ela se estabeleceu culturalmente na sociedade patriarcal e escravista brasileira do sĆ©culo 19.
Nascida em SĆ£o LuĆs, MaranhĆ£o, em 1822, era filha de mĆ£e branca e pai negro. Foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso pĆŗblico no estado para o cargo de professora primĆ”ria. Com o próprio salĆ”rio, sustentava-se em uma Ć©poca em que isso era incomum e atĆ© mal visto para mulheres.
Oito anos antes de a Lei Ćurea ser assinada, criou a primeira escola mista para meninos e meninas, que nĆ£o chegou a durar trĆŖs anos, tamanho escĆ¢ndalo que causou na cidade de MaƧaricó, em GuimarĆ£es (MA), onde foi aberta. Com alguma notoriedade em seu tempo, ela nĆ£o era exatamente uma pĆ”ria social, mas sendo mulher, negra e combativa em suas ideias antiescravistas, enfrentou obstĆ”culos, crĆticas e silenciamento.
Sua obra mais conhecida Ć© o romance abolicionista Ćrsula. Publicada em 1860, a obra ficou sem ter o devido reconhecimento atĆ© 1962, quando foi recuperada pelo historiador paraibano HorĆ”cio de Almeida. Só em 2018 o romance foi republicado no Brasil, pela Penguin e a Companhia das Letras.
O Roda de Leitura acontece virtualmente a cada 15 dias, com a proposta promover um momento de troca entre pessoas de diferentes partes do paĆs interessadas em leitura. Os textos a serem trabalhados ā que se alternam entre prosa e poesia ā sĆ£o escolhidos a partir do acervo da Biblioteca ItaĆŗ Cultural e ficam disponĆveis aos participantesĀ uma semana antes do encontro, por meio de inscrição.