🔓 Precursora da literatura afro-brasileira, Maria Firmina dos Reis é tema de debate

A poeta Ana Estaregui e a professora Renata Pimentel conduzem conversa do projeto “Roda de Leitura”, do Itaú Cultural, nesta quarta-feira (29), às 17h 
Retrato da autora Maria Firmina dos Reis
28/09/2021

Precursora da literatura abolicionista e fundadora da literatura afro-brasileira, a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917) é tema do projeto Roda de Leitura, que o Itaú Cultural realiza nesta quarta-feira (29), às 17h.

É da autora o conto A escrava, que conduz a conversa, mediada por Ana Estaregui e Renata Pimentel, consultoras da programação. O encontro acontece pela plataforma Zoom e a inscrição deve ser feita gratuitamente pelo link.

A escrava mostra o combate à escravização que caracteriza a escrita da autora, primeira mulher negra a ter um romance publicado no país. No texto, uma narradora-personagem conta sobre seu enfrentamento com um senhor de escravos, no ambiente hostil de uma reunião social, no qual ela desafia o sistema para proteger uma mulher escravizada e seu filho.

Maria Firmina é considerada um caso único na história e na cultura brasileira. Embora tenha ganhado luz nas últimas décadas como um ícone de resistência, ela se estabeleceu culturalmente na sociedade patriarcal e escravista brasileira do século 19.

Nascida em São Luís, Maranhão, em 1822, era filha de mãe branca e pai negro. Foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no estado para o cargo de professora primária. Com o próprio salário, sustentava-se em uma época em que isso era incomum e até mal visto para mulheres.

Oito anos antes de a Lei Áurea ser assinada, criou a primeira escola mista para meninos e meninas, que não chegou a durar três anos, tamanho escândalo que causou na cidade de Maçaricó, em Guimarães (MA), onde foi aberta. Com alguma notoriedade em seu tempo, ela não era exatamente uma pária social, mas sendo mulher, negra e combativa em suas ideias antiescravistas, enfrentou obstáculos, críticas e silenciamento.

Sua obra mais conhecida é o romance abolicionista Úrsula. Publicada em 1860, a obra ficou sem ter o devido reconhecimento até 1962, quando foi recuperada pelo historiador paraibano Horácio de Almeida. Só em 2018 o romance foi republicado no Brasil, pela Penguin e a Companhia das Letras.

O Roda de Leitura acontece virtualmente a cada 15 dias, com a proposta promover um momento de troca entre pessoas de diferentes partes do país interessadas em leitura. Os textos a serem trabalhados — que se alternam entre prosa e poesia — são escolhidos a partir do acervo da Biblioteca Itaú Cultural e ficam disponíveis aos participantes uma semana antes do encontro, por meio de inscrição.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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