Todo semestre eu me planejo para avaliar e lançar notas de maneira processual e não deixar acumular.
Todo semestre eu falho.
Tem tanta coisa na vida em que falhei miseravelmente que jĆ” nem ligo mais.
Aprender alemĆ£o, por exemplo. Estudei quase quatro anos de alemĆ£o. Isso, como todos sabem, equivale ao nĆvel recĆ©m-nascido de proficiĆŖncia no idioma. GugudadĆ”. Ou melhor, Gutenmorgenliebemutterkannstdumirbittedieflaschebringen.
Falhei tambƩm em ter um corpo daqueles malhados de academia. Parte do problema talvez seja eu me recusar a ir em uma academia. Talvez, a investigar.
A minha falta de paciência não dÔ nem para colocar como falha, jÔ que essa eu sequer tentei adquirir um dia.
Outra falha Ʃpica, a vir, Ʃ a dieta. A PƔscoa estƔ chegando e, com ela, coelhos recheados de marzipan.
Por aqui a fƩ costuma faiar. Sorry, Gil.
Imponho prazos a mim mesma, na tentativa de falhar menos. Se hĆ” um prazo, hĆ” uma meta e, portanto, uma possibilidade. Os projetos a perder de vista, bem… se perdem de vista. Comigo, prazos funcionam. Vendi a alma para o Google Agenda.
Vou fazer um café, esse não falha.
Enumero as falhas, minhas, autorais, para nĆ£o enumerar as desimportĆ¢ncias que me foram e sĆ£o atribuĆdas. Ć a pessoa que confirma duas vezes e esquece do almoƧo de aniversĆ”rio. Ć a vaga passada para a outra pessoa com um marketing pessoal melhor mas incompetente. Ć o email enviado com zelo e carinho que fica esquecido na caixa postal atĆ© nĆ£o fazer mais nenhum sentido responder.
Ć tanto esquecimento que jĆ” nem lembro mais.
E, de esquecimento em esquecimento, o espelho vai falhando, quase como um Dorian Gray reverso.
O passado permanece, eu envelheƧo.
Antes assim, a alternativa Ć© bem pior.