O livro Maranhão, maranhenses: paisagens, perfis, poesia, nº 22 da Biblioteca Escolar da Academia Maranhense de Letras, traz um conjunto de textos de Humberto de Campos. Textos extraídos, em sua parte mais substantiva, de Memórias: 1886-1900 (1933) e Memórias inacabadas (1935); dos livros de crônicas Os párias (1933) e Sombras que sofrem (1934); e do livro de poemas Poeira (1917, 2ª série). A seleção dos textos e as notas de rodapé estão excelentes — facilitam a vida do público leitor em geral e, em especial, a dos jovens estudantes do Ensino Médio, público-alvo da Biblioteca Escolar da Academia Maranhense de Letras. Humberto de Campos, poeta, contista, cronista e memorialista, que nasceu em 1886, em Miritiba (MA), atual Humberto de Campos, e faleceu em 1934, no Rio de Janeiro, pertenceu à Academia Brasileira de Letras. As Memórias e as Memórias inacabadas dele estão entre os textos mais aprazíveis da literatura brasileira. São obras que encantam pelo que contêm de vida, motivação, pelo relato emocionado, pelo humor refinado. Narram os fatos mais relevantes da trajetória do autor: a perda do pai aos 6 anos; a ida com a mãe de Miritiba para Parnaíba; a chegada aos 13 anos a São Luís, depois de separar-se da mãe; as noites sem teto que o levaram a dormir numa padaria; a condição de aprendiz de tipógrafo; o primeiro emprego no comércio, ainda aos 13 anos, na firma J. A. Santos & Cia. (um “presídio comercial”); o ofício de tipógrafo do Jornal da Manhã; o empenho como caixeiro na Casa Trasmontana, que tinha entre seus fregueses o poeta Sousândrade; a grande admiração que nutria por Antônio Lobo, Fran Paxeco, Francisco Serra e Astolfo Marques, integrantes da Oficina dos Novos, movimento empenhado em renovar as letras maranhenses no início do século 20. O texto das Memórias e das Memórias inacabadas se constitui de cinco procedimentos básicos: 1) o relato franco, que resulta na comunicação fácil com o leitor; 2) a ironia e a autoironia; 3) o excerto erudito (os intertextos com a mitologia, com a Bíblia, com cenas ou grandes figuras da literatura e da História); 4) o emprego de metáforas que, não raro, se desmembram em alegorias; 5) e os tópicos de humor.