Uma das principais escritoras francesas da atualidade, Annie Ernaux ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2022. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (6), pela Academia Sueca, em Estocolmo. Durante o anúncio, a Academia informou que ainda não tinha conseguido o contato com ela pelo telefone.
Segundo a Academia, o prêmio foi concedido “pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal.”
A escritora é uma das convidadas para a Flip, a Feira Literária Internacional de Paraty, deste ano. Ela participará da mesa Diamante Rubro, ao lado de Veronica Stigger, no dia 26 de novembro. A Flip começa no dia 23 de novembro.
Annie escreve romances sobre a vida cotidiana em seu país. Segundo o jornal “The Guardian”, ela era uma das favoritas para ganhar o prêmio.
Entre seus livros está O acontecimento, em que relata um aborto clandestino que fez nos anos de 1960. Ela também escreveu O lugar e A vergonha. Todos best-sellers na França. No Brasil, seus livros são publicados pela editora Fósforo. Sobre Os anos, outro sucesso da autora, o escritor Luiz Horácio, em resenha para o Rascunho, disse que “a narrativa de Annie Ernaux é singular”.
Já em ensaio publicado na edição 275 (maio de 2022) do Rascunho, Carolina Vigna escreve que “a francesa costura entradas de diário, memórias, ficção e pesquisa em um curto e claríssimo retrato”.
“Ela escreve em 1999 algo ocorrido em 1963. Por mais vivido que tenha sido, aqui certamente entra mais um elemento da colagem. A história é o resultado da soma de seus registros em diários, anotações, suas lembranças com, certamente, alguma pesquisa.”
Dotada de uma profunda sensibilidade social, Ernaux revolucionou o conceito de autobiografia ao situá-lo dentro do campo da sociologia, transitando entre a subjetividade e o coletivo, entre a experiência íntima e o peso de grandes narrativas sobre o indivíduo.