Uma das autoras presentes na antologia As 29 poetas hoje, em que Heloisa Buarque de Hollanda apresenta um recorte da poesia atual feita por mulheres no Brasil, Maria Isabel Iorio publica um novo livro, em que mistura poesia, prosa e dramaturgia.
Dia sim dia não fazer chantagem faz parte da coleção “Canto Quebrado”, da Quelônio, com obras breves, em prosa ou poesia. A edição ainda traz posfácio de Lucia Paranova.
Alguns temas se destacam como campo de investigação: a desistência e a resistência ao desejo fácil, a existência como recusa e fuga constantes, o amor materno perdido e a demanda infantil por atenção.
O livro é dividido em três partes: “Alguém que você não bota pra dormir”, “Eu viveria no colo” e “Se não durmo não estou no tempo”.
Na primeira parte, que traz 17 poemas, os versos falam de um desejo que não se satisfaz, de um movimento “atrás do próprio rabo”. Na segunda parte, com três poemas (um deles dividido em seis partes), a desconstrução da identidade de gênero estabelecida e esperada encontra formulações ásperas e irônicas. E na última parte, uma dramaturgia narrativa, o fluxo de pensamento de uma estátua viva que está perdendo o gênero deriva para reflexões sobre autoimagem, solidão, a necessidade da ação, um movimento incessante e ao mesmo tempo impedido, além da instabilidade do desejo.
Poeta e artista visual, Maria Isabel Iorio já publicou os livros Em que pensaria quando estivesse fugindo (2016) e Aos outros só atiro o meu corpo (2019), ambos pela Urutau.