O novo livro do curitibano põe fim à trilogia iniciada há oito anos com Poeira fria e continuada em Esquina da minha rua, de 2018. Batizada de Trilogia do Não-lugar, a série parece inspirada pelo sentimento de urgência que domina o século 21 — período em que tudo está ao alcance das mãos, mas nada satisfaz. Ao embarcar para a Suíça, o sexagenário C. pretende reencontrar uma mulher que conheceu há duas décadas e da qual não teve mais notícias. Durante a jornada, no entanto, o protagonista percebe algo mais impactante: o fato de não ter conseguido fugir desse tempo passado. O que poderia ser uma história de reencontro com final feliz, assim, recai em reflexões sobre a fragilidade de nossa era, as complexidades das relações humanas, a solidão de uma vida em trânsito e a passagem do tempo. Para o escritor e jornalista Jonatan Silva, Olhos de sal é uma “investigação dos espaços em branco, da invisibilidade diante do todo”.