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Uma revista de literatura exclusiva para iPad, os números da 'Machado de Assis', Elvira Vigna no Paiol Literário e outras notícias
01/11/2013
Alice Munro. Foto: Divulgação
Novos livros da Nobel de Literatura chegam ao Brasil em 2014

Tchekhov de saia
Novos títulos da contista canadense Alice Munro (foto), vencedora do Prêmio Nobel de Literatura 2013, chegam ao Brasil a partir de 2014: o selo Biblioteca Azul, da Globo Livros, lança Selected stories (1996), Runaway (2004) e The view of castle rock (2006); já a Companhia das Letras, que tem publicado da autora três livros, prepara a edição de Dear life (2013), sua 14ª obra. Munro trata de temas como a vida em cidades pequenas, relacionamentos intrincados e a precariedade da existência. Laureada com os principais prêmios literários em seu país e traduzida para mais de dez idiomas, a escritora achava que os contos eram apenas um exercício, até que tivesse tempo para escrever um romance. A narrativa longa nunca veio, mas sua técnica no conto lhe rende comparações a Tchekhov. Em 2012, o chinês Mo Yan venceu o Nobel de Literatura, antecedido pelo poeta sueco Tomas Tranströmer, pelo peruano Mario Vargas Llosa e pela escritora e ensaísta romena Herta Müller.

 

 

Elvira Vigna encerra a temporada 2013 do Paiol Literário
Elvira Vigna encerra a temporada 2013 do Paiol Literário

Fechando a temporada
Elvira Vigna (foto) encerra a temporada 2013 do Paiol Literário — projeto do Rascunho, com apoio do Sesi Paraná. A autora de Nada a dizer (romance vencedor do prêmio de Ficção da Academia Brasileira de Letras) conversa com o público sobre sua trajetória e suas obras no Sesc Paço da Liberdade, em Curitiba (PR), no dia 26 de novembro, às 19h30. A entrada é franca.

 

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Cesárea: nova revista de literatura será exclusiva para iPad

Publicação punk rock
No mesmo ano em que Bravo! e Sabático disseram adeus aos leitores, o editor Schneider Carpeggiani e a diretora de arte Jaíne Cintra (ambos do Suplemento Pernambuco) apostam numa publicação com inspirações punk rock: a revista literária Cesárea chega não às bancas, mas à Apple Store, ao preço de US$ 1,29 — valor que se paga por uma música — no dia 27 deste mês. Com nome inspirado em personagem de Roberto Bolaño, a revista de literatura para iPad investe no estilo “faça você mesmo”: “É uma forma de criar um produto cultural quando tantas publicações de papel estão enxugando páginas ou fechando”, explica Carpeggiani, que ao lado de Jaíne, compõe toda a equipe editorial por trás da publicação trimestral. Aliás, Cesárea investe no cooperativismo: o pagamento dos colaboradores é feito a partir da divisão do valor arrecadado pelos downloads. O primeiro número traz como matéria de capa uma reportagem literária de Fabiana Moraes sobre pessoas que freqüentam igrejas na hora do almoço, e textos de ficção, jornalismo literário e ensaios críticos de Silviano Santiago, José Castello, Ricardo Domeneck, Regina Dalcastagnè e Luís Henrique Pellanda, entre outros.

 

Sérgio Sant'Anna, autor de Páginas sem glória
Sérgio Sant’Anna, autor de Páginas sem glória

Quelônio indeciso
Mais uma vez, a organização do Prêmio jabuti (CBL) voltou atrás na premiação. Logo após o anúncio dos vencedores desta edição, Páginas sem glória (Companhia das Letras), de Sérgio Sant’Anna (foto), eleito melhor livro do ano na categoria Contos, foi desclassificado por não ser totalmente inédito, como determina o regulamento: um dos textos já havia sido publicado na antologia A literatura latino-americana do século 20, organizada por Beatriz Rezende e lançada em 2005 pela Aeroplano. Assim, os R$ 3,5 mil e a chance de conquistar outros R$ 35 mil (valor referente à categoria Livro do Ano de Ficção) passam para Diálogos impossíveis (Objetiva), de Luis Fernando Verissimo.

Quelônio final
Evandro Affonso Ferreira e seu O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam (Record), e Ademir Assunção, com A voz do ventríloquo (Edith), foram os vencedores nas categorias Romance e Poesia, respectivamente. Socorro Accioli, que está completando dez anos de carreira, levou o Jabuti na categoria Infantil por Ela tem olhos de céu (Gaivota); Namíbia, não! (Edufba), de Aldri Anunciação, ficou em primeiro lugar em Juvenil; e A ficção e o poema (Companhia das Letras), de Luiz Costa Lima, venceu em Teoria e Crítica Literária. Os vencedores de Livro do Ano de Ficção e de Não-Ficção serão conhecidos no próximo dia 13 e receberão mais R$ 35 mil cada. Na mesma data, serão apresentados os jurados da edição.

Resultados da Machado
A revista Machado de Assis, editada pela Fundação Biblioteca Nacional com o objetivo de divulgar a literatura brasileira no exterior, completou um ano com o lançamento de seu quinto número na última Feira do Livro de Frankfurt. Nesta edição, dezesseis obras foram selecionadas em traduções para o inglês ou espanhol. Entre os autores estão Luci Collin, Adriana Armony, Carlito Azevedo, Fernando Morais e Raphael Montes. Até o momento, o site da revista recebeu 100 mil visitantes únicos e foram registrados 12,3 mil downloads da publicação. Dos 79 autores das quatro primeiras edições, pelo menos 26% tiveram contratos de edição fechados no primeiro semestre de 2013, e foram publicadas 34 obras desses autores, em 11 países. Prosa, poesia, não-ficção e literatura infantil e juvenil já apareceram nas páginas da Machado de Assis, com destaque para obras contemporâneas. A publicação é trimestral em formato digital e conta com duas edições impressas anuais.

Na escuridão, amanhã
Este é o mês de estréia de Rogério Pereira, editor do Rascunho, em livro. A novela Na escuridão, amanhã (Cosac Naify) se passa entre o ambiente de uma roça anti-idílica, em que os protagonistas se enredam na ausência de comunicação, e a vida na cidade, onde só a aniquilação é possível. Os eventos de lançamento têm início em Curitiba, no dia 9, na Livraria Arte & Letra, passando por Salvador (dia 11, na Fundação Jorge Amado), Recife (dia 12, na Livraria Cultura), São Paulo (dia 19, no Espaço Cult) e Rio de Janeiro (dia 22, na Livraria Travessa de Ipanema).

Por biografias leminskianas
Em meio ao debate sobre biografias, o escritor Domingos Pellegrini disponibiliza na internet o livro Passeando por Paulo Leminski, esperando “contribuir para que o Brasil não seja o país das biografias chapa-branca”. Trata-se não exatamente de uma biografia, mas de suas memórias e observações críticas sobre o poeta, que receberam interesse de editoras mas não a autorização das herdeiras do Polaco. Segundo Pellegrini, ele havia sido contratado para fazer uma nova biografia de Leminski — Toninho Vaz escreveu O bandido que sabia latim, lançado pela Record, mas esgotado — a convite de suas herdeiras e da editora Nossa Cultura, porém, teria voltado atrás por não concordar com a submissão dos originais à família: “Logo me dei conta de que a tarefa me privaria de duas condições essenciais para uma escrita criativa condizente com Leminski, a paixão e a liberdade”, explica o autor na introdução a Passeando.

Cem anos de Camus
Em comemoração ao centenário de Albert Camus (1913-1960), a Record prepara uma edição especial de O estrangeiro, com capa dura e texto de apresentação do crítico Manuel da Costa Pinto, e evento com debate sobre a obra do escritor franco-argelino no dia 26, em São Paulo (SP), com a filósofa e escritora Marcia Tiburi e Costa Pinto. Também em novembro, toda a obra de Camus na editora estará com preço promocional.

Crimes estrangeiros
O Grupo Autêntica acaba de estrear um selo exclusivo para romances policiais, Vertigo, que pretende explorar três vertentes: romances de época; romances policiais scandi crime, em referência à literatura escandinava do gênero; e policiais de atmosfera, os thrillers. Por enquanto, somente autores estrangeiros estão na mira do selo, dirigido por Arnaud Vin, francês radicado no Brasil há cerca de 20 anos.

Cursos
Neste mês, a Estação das Letras, espaço no Rio de Janeiro (RJ) voltado a oficinas que abrangem o universo da escrita, abre novos cursos para interessados em literatura e mercado editorial: oficina de crônica, empreendedorismo editorial e literatura infantil e juvenil, entre outros. Joel Rufino dos Santos, Luis Filipe Ribeiro e Mary del Priore discutem a relação entre literatura e História, e Agostinho Ramalho Marques Neto debate O estrangeiro, de Camus. Mais informações em www.estacaodasletras.com.br.

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