🔓 Paraense Airton Souza e pernambucana Bethânia Pires Amaro vencem Prêmio Sesc de Literatura

O romance “Outro outono de carne estranha” e o livro de contos “O ninho” serão lançados em novembro pela editora Record, parceira da premiação
Airton Souza, autor do romance “Outro outono de carne estranha”, e Bethânia Pires Amaro, autora do livro de contos “O ninho”, são os vencedores do Prêmio Sesc de Literatura em 2023
25/05/2023

O romance Outro outono de carne estranha, do paraense Airton Souza e o livro de contos O ninho, de autoria da pernambucana radicada em São Paulo Bethânia Pires Amaro são os vencedores do Prêmio Sesc de Literatura 2023. Os dois livros serão lançados em novembro pela editora Record, parceira do Prêmio Sesc desde a sua criação.

A comissão final que selecionou o Romance foi composta pelos escritores Joca Reiners Terron e Suzana Vargas; a de Conto pelos também escritores Giovana Madalosso e Sérgio Rodrigues. Neste ano, o Prêmio Sesc de Literatura recebeu 1495 inscrições, das quais 770 foram na categoria Romance e 725 em Conto.

A história de Outro outono de carne estranha remonta os anos 1980, no final da ditadura, quando dois homens se encontram e se apaixonam em pleno garimpo de Serra Pelada, onde relacionamentos homoafetivos eram proibidos, segundo a lei não escrita do lugar.

A violência, a paixão, o amor, a intervenção do Estado e a busca desenfreada pelo ouro se interconectam na mesma paisagem árida, incluindo até o cabaré local, que foi inspirado na própria vivência do autor, Airton Souza. O escritor passou parte da infância em uma dessas casas de prostituição de propriedade de uma tia e do pai, um piauiense que se mudou para o Pará em busca da riqueza do metal.

“A minha escrita é uma forma de pagar uma dívida afetiva e de retratar esse ambiente complexo que existiu no Brasil daquela época e que pode continuar a coexistir até hoje nos garimpos espalhados por essa imensa Amazônia”, diz Airton.

Já os contos de O ninho dissecam as relações familiares sob a ótica feminina e buscam dessacralizar a casa como um lugar idílico e de segurança afetiva, “normalmente retratada assim nas postagens de famílias perfeitas das mídias sociais”, explica Bethânia Pires Amaro.

Os contos vão se desenrolando para trazer à luz a disfuncionalidade do “lar”, em que o amor muitas vezes se mistura a dores e cicatrizes. “Queria mostrar a quem lê, e que muitas vezes vive distúrbios alimentares, abusos e racismo em solidão atrás de quatro paredes, que essa pessoa não está só”, descreve a autora, que viveu a infância no interior da Bahia e em Salvador, onde percorria sebos e bibliotecas para ler tudo o que encontrasse de interesse naquelas estantes.

Autores
O paraense Airton Souza tem 41 anos, nasceu em Marabá (PA), onde mora até hoje. É professor de História para crianças e adolescentes do Ensino Básico e Mestre em Letras. Atualmente, cursa doutorado em Comunicação, Cultura e Amazônia pela UFPA.

Bethânia Pires Amaro tem 34 anos, nasceu em Pernambuco e passou a infância no interior da Bahia. Há nove anos se mudou para São Paulo (SP), onde atua como advogada pública. Escreve desde criança, mas na pandemia decidiu se dedicar à literatura cotidianamente, assim como a pesquisas sobre a maternidade.

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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