Depois de As margens da ficção, lançado recentemente, a editora 34 volta a publicar um livro do filósofo, professor e escritor francês (nascido na Argélia) Jacques Rancière. Aisthesis: cenas do regime estético da arte, publicado originalmente em 2012, é uma reflexão estética sobre a modernidade nas artes.
No coração deste trabalho de redefinição estão certas noções clássicas de tempo, ordem, corpo e narrativa, cujas metamorfoses modernas Rancière persegue a partir das obras de arte e dos textos críticos mais variados.
O ponto de partida pode ser um trecho da Estética de Hegel, ou um artigo de jornal sobre uma trupe de acrobatas ingleses em Paris; um romance como O vermelho e o negro ou a performance de uma bailarina americana; os estudos de Rodin, as fotografias de Stieglitz, os filmes de Chaplin ou Vertov.
As vias que Rancière elege são as mais variadas, mas o fio analítico e reflexivo não se perde. Pois a variedade dos temas e autores convocados não obscurece nunca o propósito polêmico que dá norte a este livro: Rancière quer escrever uma “contra-história” da “modernidade artística”, distante da ideia de uma ascensão triunfal da “autonomia” das artes, culminando nas vanguardas do começo do século XX.
Nascido em Argel, em 1940, Jacques Rancière é professor emérito de Estética e Política da Universidade de Paris VIII — Vincennes/Saint-Denis, onde lecionou de 1969 a 2000. De sua vasta obra, dedicada centralmente aos vínculos entre a invenção da política moderna e a criação artística — especialmente nos domínios da literatura e do cinema —, foram publicados no Brasil vários títulos, como A noite dos proletários (Companhia das Letras, 1988), Os nomes da história (Educ/Pontes, 1994) e As margens da ficção (Editora 34, 2021).