O psicanalista italiano Contardo Calligaris, morto em março deste ano, teve o primeiro contato com o Brasil em 1986, quando veio divulgar um de seus livros. Entre idas e vindas, se instalou definitivamente no país. No fim dos anos 1980, começou uma série de anotações para entender por que tinha sido tão seduzido pelo Brasil a ponto de se estabelecer aqui.
O resultado foi Hello, Brasil!, publicado originalmente nos anos 1990 e que volta agora em nova edição da Fósforo. O livro acabou se tornando uma análise do Brasil, em que Contardo faz leituras sobre diversos aspectos intrigantes da nossa cultura, desde a persistência da herança escravocrata até a corrupção política. Mescla de “autoanálise do escritor” e “autoanálise coletiva”, nas palavras de Lilia Schwarcz, que assina o prefácio à nova edição.
Além do prefácio inédito, a edição traz um caderno de imagens, o texto de 1991 revisto pelo autor em 2017, uma introdução dele e cinco ensaios movidos pela tentativa de apreender a estranha e fascinante psique brasileira.
“Contardo Calligaris escreveu este belo livro de interpretação do país a partir dos olhos de um estrangeiro que escolheu o Brasil como lugar para chamar de seu. É, portanto, um livro sem prazo de validade, escrito por esse grande intérprete e interpelador do nosso país — da sua história, cultura e sociedade — que infelizmente nos deixou tão cedo e nos lotou de saudades. Leia com saudades”, diz Lilia Schwarcz
Contardo Calligaris foi escritor, psicanalista e psicoterapeuta, doutor em psicologia clínica e colunista da Folha de S.Paulo. Deu aulas no departamento de psicanálise da Universidade Paris viii; na New School, de Nova York; e na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
É autor de Cartas a um jovem terapeuta (Planeta), Coisa de menina? (Papirus), escrito com Maria Homem, e do romance A mulher de vermelho e branco (Companhia das Letras), entre outros.