“Adaptado para os cinemas pelas mãos de David Cronenberg, Crash conta a história de um grupo de pessoas que sente prazer assistindo a acidentes automobilísticos e leva seu fetiche às últimas conseqüências, começando a participar do que antes admiravam a uma distância segura. Escrito em 1973 por J. G. Ballard, o livro causou polêmica com sua distopia representada não por um cenário cataclísmico, mas pelos extremismos da psique humana na busca pelo prazer. Ao adotar um protagonista homônimo para narrar esse encontro brutal entre homem e máquina e usar uma linguagem crua e realista, Ballard abre mão das metáforas sobre andróides e elege uma mulher tetraplégica como musa inspiradora, personagem de uma das melhores cenas de sexo que já li. Em Crash, não é a velocidade dos carros que libera a adrenalina, mas o instante inescapável da colisão. No lugar de gritos de ansiedade e antecipação, as cicatrizes e próteses do momento posterior. Um livro que se mantém deliciosamente atual e não deve ser lido após as refeições.”