Em Invenção e crítica, que a Companhia das Letras acaba de publicar, autoras e autores dedicam-se a revisitar a obra de Davi Arrigucci Jr., um dos maiores críticos literários do Brasil, que também tem longa carreira como professor da Universidade de São Paulo (USP).
Os textos reunidos indagam, com espanto e admiração, as muitas vertentes em jogo na obra do crítico Davi Arrigucci Jr. Não por acaso, suas leituras de autores como Cortázar, Borges, Bandeira, Drummond ou Guimarães Rosa formam o centro das atenções de uma primeira família de escritos que, inéditos ou republicados, tanto sublinham sua argúcia como interrogam a atitude que as fundamenta.
Atitude, mais que método. Pois, não obstante o diálogo constante com a teoria literária e as ciências humanas, os ensaios críticos de Arrigucci privilegiam o encontro entre o texto e o leitor como dimensão fundadora da literatura e da crítica.
O poder de fecundação e inspiração desse modo de praticar a crítica deixa-se ver num segundo grupo de textos, em que colegas e discípulos revisitam obras, temas e autores caros ao crítico, num arco que vai da literatura brasileira às letras neolatinas, passando pelo cinema, pela pintura e pelas questões teóricas.
Fechando o volume, uma seleção de textos dispersos e de natureza variada tenta sugerir algo da pessoa que alternadamente se esconde e se revela em sua obra volumosa: o menino e o filho, o amigo precioso, o incomparável professor da Universidade de São Paulo, o homem discreto e urbano — mas sempre alerta ao menor chamado dessa “inacabável aventura” que é a literatura.