A escritora e historiadora angolana Ana Paula Tavares é a vencedora do Prêmio Camões 2025, a mais importante distinção literária da língua portuguesa. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (8) pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), de Portugal. O prêmio, no valor de 100 mil euros, é concedido anualmente a autores que contribuíram de forma significativa para o patrimônio literário em português.
O júri destacou “a fecunda e coerente trajetória de criação estética” de Tavares, ressaltando sua contribuição para a poesia e para o pensamento histórico angolano. Segundo a ata, sua obra “resgata a dignidade da poesia” e “adquire relevante dimensão antropológica em perspectiva histórica”, articulando tradição oral, memória coletiva e olhar feminino sobre a experiência africana.
Com o reconhecimento, Ana Paula Tavares se junta a nomes como Pepetela, Mia Couto, Ruy Duarte de Carvalho e Paulina Chiziane — outros autores africanos já distinguidos com o prêmio.
A autora
Ana Paula Ribeiro Tavares nasceu em 30 de outubro de 1952, na cidade do Lubango, província da Huíla, em Angola. Formada em História, é mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e doutora em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa. Vive em Portugal, onde leciona na Universidade Católica de Lisboa.
Além de sua atividade acadêmica, Tavares exerceu funções em instituições culturais angolanas, como o Centro Nacional de Documentação e Investigação Histórica, e integrou o júri do Prêmio Nacional de Literatura de Angola.
Sua obra transita entre a poesia, a crônica e a narrativa, com forte presença da memória, da oralidade e das vozes femininas. Entre seus principais livros estão Ritos de passagem (1985), O lago da lua (1999), Dizes-me coisas amargas como os frutos (2001), Ex-votos (2003), A cabeça de Salomé (2004), Os olhos do homem que chorava no rio (2005, em coautoria com Manuel Jorge Marmelo), Manual para amantes desesperados (2007) e Como veias finas na terra (2010).
Antes do Camões, foi distinguida com o Prêmio Mário António de Poesia, da Fundação Calouste Gulbenkian, e com o Prêmio Nacional de Cultura e Artes de Angola, entre outros. Sua poesia está traduzida e publicada em antologias em diversos países, consolidando-a como uma das vozes mais expressivas da literatura africana contemporânea em língua portuguesa.
Veja ensaio fotográfico de Ana Paula Tavares, realizado por Ozias Filho.