A Companhia das Letras anunciou que irá publicar 1000 anos de alegrias e tristezas, livro de memórias do chinês Ai Weiwei, um dos artistas contemporâneos mais celebrados do mundo. Com lançamento previsto para 2 de novembro nos Estados Unidos e Inglaterra, a obra será traduzida em 13 línguas, com direitos distribuídos em 15 mercados. No Brasil, a previsão de lançamento é para o final de 2021.
Em 1000 anos de alegrias e tristezas, Ai Weiwei mostra um retrato da China nos últimos 100 anos e, ao mesmo tempo, ilumina seu processo artístico. Weiwei explora as origens de sua criatividade e crenças políticas, revelando também a história de seu pai, Ai Qing, ex-prisioneiro de Mao Tsé-Tung e o poeta mais influente da China.
Durante a Revolução Cultura Chinesa, Ai Qing foi rotulado como direitista e condenado a trabalho forçado. Sua família inteira, inclusive seu filho, foram banidos a uma parte remota e isolada do país, conhecida como “Pequena Sibéria”.
Em seu livro de memórias, Weiwei descreve seu exílio de infância e sua difícil decisão de abandonar a família para estudar Arte nos Estados Unidos, onde ele ficou amigo de Allen Ginsberg e foi inspirado por Marcel Duchamp e Andy Warhol.
Ele detalha seu retorno à China e sua ascensão de artista desconhecido ao estrelato artístico mundial, além de ativista internacional pelos direitos humanos — e como sua obra foi moldada sob um regime totalitário.
As esculturas e instalações de Ai Weiwei foram vistas por milhões de pessoas no mundo todo, e suas conquistas arquitetônicas incluem sua ajuda no design do icônico Estádio Nacional de Pequim, o Ninho de Pássaro. Seu ativismo político o tornou alvo das autoridades chinesas, o que culminou em meses de prisão secreta sem acusações oficiais em 2011.
“A ideia deste livro me veio durante os 81 dias em que fui mantido em prisão secreta pelo governo chinês em 2011”, diz Weiwei. “Durante essas longas semanas, pensei muito em meu pai, um poeta que foi exilado durante a campanha antidireitista de Mao Tsé-Tung. Eu percebi como a minha compreensão sobre ele era incompleta e o quanto eu me arrependia da distância inalcançável que criamos entre nós. Eu não queria que o meu filho tivesse o mesmo arrependimento. Eu decidi que, se eu publicasse, eu escreveria o que eu sabia sobre o meu pai e que contaria ao meu filho sinceramente quem eu sou, como a vida é, por que a liberdade é tão preciosa e por que a autocracia tem medo da arte.”