A biografia de Belchior, morto no final de abril, deve chegar às livrarias em setembro. O jornalista e crítico musical Jotabê Medeiros está à frente do projeto Belchior — Apenas um rapaz latino-americano, que será publicado pela Todavia, selo fundado por dissidentes da Companhia das Letras. O livro, uma das primeiras encomendas da editora, teve uma reviravolta com a morte do cantor. Medeiros tinha viagem marcada para o Rio Grande do Sul para a semana seguinte ao falecimento de Belchior e, segundo ele, já possuía pistas concretas do paradeiro do compositor. Longe dos palcos e vivendo recluso há quase uma década, o paradeiro do criador das canções Como os nossos pais e Medo de avião era um mistério. Em sua última entrevista, concedida ao Fantástico em 2009, Belchior disse que trabalhava na tradução d’A divina comédia, de Dante.

Presença sagrada
O escritor e tradutor português Frederico Lourenço confirmou presença na Flip, que acontece entre 26 e 30 de julho, em Paraty (RJ). Responsável pela edição da Bíblia lançada recentemente pela Companhia das Letras, Lourenço irá debater a respeito da tradução de “línguas mortas”. A Bíblia foi vertida para o português diretamente do grego antigo e está dividida em seis volumes, sendo o primeiro referente ao Novo testamento. A Flip também já confirmou os nomes de Marlon James, Diamela Eltit, Scholastique Mukasonga, Lázaro Ramos, Lilia Schwarcz e Felipe Hirsch.

O biscoito do Cunha
Ricardo Lísias, autor do polêmico Diário da cadeia, atribuído ao pseudônimo Eduardo Cunha, homônimo do presidiário e ex-deputado peemedebista, conversou pela primeira vez sobre a publicação. Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, Lísias explicou sobre o processo criativo do texto e a tentativa de impedir a sua publicação. “O Eduardo Cunha pseudônimo não é carioca, ele simplesmente não existe. Ele é uma entidade que eu criei”, comentou Lísias, explicando sobre uma questão envolvendo o uso das palavras bolacha e biscoito no livro. De acordo com o escritor, a censura prévia se deveu, em grande parte, à dificuldade de a Justiça compreender o conceito de pseudônimo. “Sempre que a arte vai parar na Justiça, tem besteira”, disse.

Conexão Coreia
Marilda Castanha recebeu o prêmio Nami Concours, na categoria Purple Island, pelo livro Sem fim, publicado pela Positivo. Única brasileira selecionada para a premiação, Marilda, que é também ilustradora, concorreu com quase 1.800 artistas de vários países. Ao contrário das demais categorias, a Purple Island não oferece prêmio em dinheiro. O livro The locomotive, da polonesa Malgorzata Gurowska, venceu o Grand Prix, arrebatando US$ 10 mil. 

Inédita no Brasil
A australiana Fiona McFarlane venceu o Dylan Thomas Prize com a coletânea de contos The high places — ainda inédita no Brasil. Chamado de “deliciosamente perturbador”, o livro é composto por 13 relatos que formam um prisma da vida emocional de gente comum, McFarlane, constantemente comparada a Patricia Highsmith e a Flannery O’Connor, tem apenas outro livro publicado: The night guest. “Nós ficamos realmente muito impressionados. E eu tenho certeza que veremos ainda muito mais de Fiona McFarlane. Ela já é aclamada, mas isso vai levá-la a um nível muito mais alto”, comentou Dai Smith, jurada e professora da Universidade de Swansea.

Breves
• A Rádio Londres lança neste mês Coração e alma, de Maylis de Kerangal. Best-seller na França, o livro narra as 24 horas desde o acidente envolvendo um surfista até o momento em que seu coração recomeça a bater, desta vez no peito de uma mulher de 50 anos.

• A Companhia das Letras pretende reeditar Arco-íris da gravidade, uma das obras mais importantes do escritor norte-americano Thomas Pynchon, que completou 80 anos em maio.

• O 14º Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães, organizado pela Jornada de Passo Fundo, está com inscrições abertas até 10 de julho. Para saber mais: http://www.upf.br/16jornada/14-concurso-de-contos-josue-guimaraes.

• A editora mineira Relicário, focada em filosofia, estética e letras, avança em 2017 com lançamentos literários. A previsão é lançar livros de Diamela Eltit, convidada da Flip deste ano, Ana Martins Marques, Eduardo Jorge e Roberto Arlt.