🔓 A trégua

O escritor Carlo Machado indica o clássico de Mario Benedetti
02/07/2013

“É certo que a literatura tem uma função na vida das pessoas. Há muito que isso se discute e talvez nunca tenhamos uma resposta definitiva sobre qual seria essa função. Natural que seja assim, já que a literatura, como qualquer outra forma de arte, se completa na experiência individual dos leitores (receptores), que, por sua vez, absorvem de acordo com suas possibilidades. Sendo assim, de forma bem pessoal, digo que a cidade de Montevidéu nunca mais foi a mesma depois que li A trégua, de Mario Benedetti. Já havia estado lá anteriormente, porém, precisei voltar e refazer as caminhadas pelos cafés, buscando os mesmos odores e cores da viuvez, procurando o peso da idade e do trabalho repetitivo, ansiando pela aposentadoria próxima, me apaixonando pela jovem e linda Laura Avellaneda, vendo, pela primeira vez depois de anos, uma pequena trégua na vida precisei respirar a Montevidéu desse personagem, Martín Santomé, tão emblemático política, econômica e socialmente para um Uruguai no final dos anos 1050. Benedetti já havia lançado quase uma dezena de livros (entre poesia, novela, conto e ensaio) quando publicou A trégua, e ainda escreveu dezenas livros até sua morte, em 2009, tornando-se um dos maiores nomes da literatura latino-americana.”

Carlos Machado
Carlos Machado é músico, compositor e escritor. É autor dos contos de A voz do outro(2004)e Nós da província: Diálogos com o carbono(2005)e das novelas Balada de uma retina sul-americana(2009) ePoeira fria. Vive em Curitiba (PR).

Rascunho