Nos dois primeiros dois volumes da recente trilogia do ganhador do Nobel J.M. Coetzee — os romances A infância de Jesus (2013) e A vida escolar de Jesus (2016) —, o mundo era retratado ligeiramente distinto do nosso, em que a memória parecia limitada, e a benevolência do Estado guiada por um racionalismo asséptico, por vezes sinistro.
Já no livro que encerra a série, A morte de Jesus, este mundo, com sua lógica implacável, já não parece mais tão distante de nós, e Coetzee carrega o leitor por uma jornada existencial.
Na história, após anos buscando uma educação adequada para David, seus guardiões Simón e Inés seguem sem saber como direcionar a potência intelectual e espiritual do menino. A Academia de Música, na provinciana Estrella, parecia sugerir um caminho promissor, fora da rigidez do ensino tradicional. Mas um assassinato brutal interrompe o processo; a Academia é dissolvida, e Simón e Inés retornam ao dilema de como educar o jovem David.
Certo dia, o menino é visto jogando futebol pelo dono de um orfanato local. David se encanta com a possibilidade de viver na instituição. Ele é voluntarioso, impulsivo, carismático, mas também frágil, e sua decisão de abandonar a própria casa dá início a uma série de episódios.
Ficcionista e ensaísta, Coetzee é autor de mais de 20 livros, entre eles Desonra (1999), Elizabeth Costello (2003) e a trilogia Infância (1998), Juventude (2002) e Verão (2009). Ele recebeu inúmeros prêmios em vários países, destacando-se o Man Booker Prize (1983 e 1999) e o Nobel de Literatura (2003).