🔓 Ronaldo Cagiano

Ensaio fotográfico de Ronaldo Cagiano
FOTO: Ozias Filho
01/02/2021

Quanto mais catástrofes
menos estrofes (…)

Durante dias, estes dois pequenos versos, de um poema mais longo chamado Anotações, de Cartografia do abismo, de Ronaldo Cagiano, perseguiram-me a ponto de não conseguir avançar nesta obra. Há poemas que nos assaltam e paralisam face às inúmeras questões que se nos apresentam. Será a palavra, na voz do poeta, incompleta diante daquilo que queremos expressar? A palavra metamorfoseada em poema é suficiente para fazer a diferença diante das catástrofes cotidianas? Na verdade, não existe uma questão nos versos acima, talvez uma inquietação do poeta, uma provocação ao leitor que deseja uma resposta, mas o que ele obtém são mais perguntas e dúvidas que geram outras interrogações, num processo contínuo. A própria dúvida permanente é, em si mesma, uma resposta, uma possibilidade vulgar de seguirmos um caminho, nesta cartografia de desejos (e abismos) sem fim à vista.

FOTO: Ozias Filho

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FOTO: Ozias Filho

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FOTO: Ozias Filho

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FOTO: Ozias Filho

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Ronaldo Cagiano
Nasceu em Cataguases (MG), em 1961. Formou-se em Direito, viveu em Brasília e São Paulo e está radicado em Portugal. Estreou com Palavra engajada (poesia, 1989) e dentre as obras publicadas, destacam-se: Dezembro indigesto (contos – Prêmio Brasília 2001), Dicionário de pequenas solidões (contos, 2006), O sol nas feridas (poesia, 2013), Eles não moram mais aqui (contos, 2015 – Prêmio Jabuti), O mundo sem explicação (poesia, 2019) e Cartografia do abismo (poesia, 2020).
Ozias Filho

Nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1962. É poeta, fotĂłgrafo, jornalista e editor. Autor de Poemas do dilĂşvioPáginas despidas, O relĂłgio avariado de DeusInsularesOs cavalos adoram maçãs e Insanos, estes dois Ăşltimos, em 2023). Como fotĂłgrafo tem vários livros publicados e integrou a iniciativa Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-americana da Cultura 2017. Publicou em 2022 o seu primeiro livro infantil, Confinados (com ilustrações de Nuno Azevedo). Vive em Portugal desde 1991.

Rascunho