Foi na virada da Idade do Bronze para a do Ferro que a História começou a ser escrita e contada a partir de fatos e registros. Até então, o que considerávamos História era escrito a partir da fantasia. Homero, por exemplo.
A Idade do Bronze ganha esse nome porque a commodity mais importante era o bronze, principalmente por causa da produção de armas. A indĂşstria bĂ©lica tambĂ©m precisava de estanho, que era misturado com o cobre na liga metálica e vinha do AfeganistĂŁo atravĂ©s da SĂria.
Troia era uma cidade importante e murada sob o poder dos hititas. Ao sul, faraĂłs egĂpcios. Entre os dois, a Palestina que, para variar, era uma área disputada e sob constante ataque. A leste, a Mesopotâmia, tambĂ©m uma área complicada e de interesse tanto dos assĂrios quanto dos babilĂ´nios. A oeste, o que vinha um dia a ser a GrĂ©cia. A localização de Troia era estratĂ©gica para a navegação que atravessava do Mediterrâneo para o mar Negro, por onde passava todo o comĂ©rcio de minĂ©rios.
O que veio a se tornar Grécia nessa época era uma mistura de reinos que tinha como maior cidade Micenas (pertinho de Espaaaarta). Com ajuda de Alexandre, o Grande, os gregos estavam se tornando cada vez mais importantes. Até que ponto as histórias de Homero não são um tratado econômico? É bem fácil de imaginar os gregos tentando conquistar o entreposto de Troia, estratégico para as rotas comerciais importantes da época. E Homero lá, falando ai inferno e agora como eu vou contar isso? Já sei! Vou começar com uma mulher, a mais linda de todas. Sucesso garantido.
É de se admirar o esforço em transformar uma guerra com o estopim mais provável sendo pura estratégia militar e mesquinharia econômica em uma honrosa saga por causa de uma bela mulher.
Uns sete sĂ©culos depois, VirgĂlio, em Eneida, associa a queda de Troia ao nascimento de Roma. O herĂłi, EnĂ©as, Ă© um sobrevivente da Guerra de Troia que narra todas as tretas para Dido, rainha de Cartago. Eneida conta, justamente, a histĂłria desde a fundação de Roma atĂ© a expansĂŁo do ImpĂ©rio Romano. Com uma certa licença poĂ©tica, dá para considerar Eneida como um spin-off de IlĂada.
Eu ando tĂŁo cansada do mundo, da polĂtica, da mesquinharia e da pequenez, que adoraria que alguĂ©m inventasse um jornal homĂ©rico, contando as notĂcias com deuses, semideuses, herĂłis, mulheres maravilhosas e, por que nĂŁo, um cavalinho (ou uma capivara) aqui e ali.
Começo eu:
Nhanderuvuçu, em um dia lá meio distraĂdo com a chuva, deixa a porta aberta e AmĂ©lia, a capivara que vivia solta no quintal, entra na casa. Nhandecy, vendo aquela lama toda no sofá da sala, perde completamente a paciĂŞncia.
Nhandecy entĂŁo chama TupĂŁ e Iara e pergunta onde, afinal, o mozĂŁo tinha arrumado aquela peste. Iara aponta para o Brasil.
Sabendo que o marido ia sentir falta de Amélia se ela desse um sumiço no hamster gigante, Nhandecy então diz que vai se vingar de outro jeito. E foi assim, por pura falta de uma lavadora Wap, que Nhandecy mandou a entidade maligna Jafoi para cá.
O problema é que o boto, um sujeito muito popular, jamais permitiria uma vingança dessas, ainda mais por causa de um bichano tão simpático. Nhandecy então, com a ajuda de Pirarucu, cria uma emaranhada trama de mentiras que culminam na prisão do boto. Com isso, além do apogeu da burrice, várias desgraças ambientais ocorrem simultaneamente.
Jafoi, que mal e porcamente consegue fingir ser um humano, contrata Abaçaà como seu media planner. Abaçaà consegue então deixar mais da metade da população em transe. Felizmente, o transe está finalmente passando.
Desde que o mundo Ă© mundo, quando tudo mais falha, a mitologia nos salva.