Férias. Meu filho decidiu me alfabetizar em Star Wars. Isso significa, grosso modo, que vimos os seis filmes que, segundo ele, são “o que existe”. Aprendi que devo considerar que os outros jamais foram feitos. Vimos também a série Clone Wars inteira, todos os onze mil episódios.
Depois vimos, finalmente, Mandalorian, aquela série que tem o Grogu (mais conhecido como Baby Yoda). É um faroeste spaghetti no espaço e, apesar dessa descrição, é bem divertida. Como era de se esperar, o bebê é fofinho e gera empatia imediatamente. Entretanto, o que eu mais gosto é do ateísmo do mandalorian, que se recusa a responder ao “que a Força esteja com você” (o equivalente a “fique com Deus” nesse universo).
O maior problema é que agora estou torcendo para fazerem uma série com o Cad Bane. Ou seja, como sempre, estou do lado errado de tudo, até mesmo da Força.
Estou me sentindo quase parte do mundo à minha volta. Digo quase porque continuo sem saber quem são todas as celebridades que aparecem na imprensa e que todo mundo conhece. Essa estranheza me acompanha há tanto tempo que já nem ligo mais. Eu nunca sei de quem estão falando. Às vezes eu chuto: jogador de futebol? Normalmente erro e as pessoas colocam mais um cravo no meu caixão social.
Como se isso não fosse o suficiente, esqueci de ligar para um monte de gente no Natal. Não por ter esquecido das pessoas, que me são importantes. Não liguei por ter esquecido que era Natal.
Aproveitando que essa crônica é cultura pop até os cabelos, concordo com o personagem Sheldon Cooper no que diz respeito a esses ritos sociais. Ainda nessa mesma série, tem um momento em que um dos personagens diz que nunca comemorou o aniversário porque seus pais não consideravam ser expulso do útero como uma conquista pessoal. Não chego a tanto, porque aproveito qualquer oportunidade para celebrar filho. Aniversário? Festa! Formatura? Festa! Deu banho na cachorra? Festa! Arrumou o quarto? Festa! Vocês entenderam. Minha regra de vida é que filho a gente celebra; todo o resto, eu inclusa, é bobagem.
Mas sim, a estranheza social. Agora essa sensação se expandiu e invadiu o computador. Por causa da pandemia, estreamos uma nova modalidade: a estranheza social via Zoom. Ô inferno.
Já estou até vendo. Comemorações de réveillon com todo mundo de cueca no Zoom porque, vamos combinar, isso aqui é um país tropical. Felizmente as pessoas já desistiram de mim e passarei a virada de ano em paz, longe do computador, no ar condicionado, vendo alguma porcaria com filho. Sairei dessas férias graduada em porcar… digo, cultura pop. Vocês vão ver.
E lá vamos nós para mais uma volta ao redor do nosso sol.
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Desejo a todos um 2021 mais leve. Que a nova translação da Terra traga vacinas e toda saúde que for possível. Que a Força esteja com vocês!