Sento para organizar a minha agenda de abril — sim, sou dessas — e dá uma vontadezinha de chorar. Pfff, quem é Jonas Neubauer (heptacampeão mundial de Tetris) na fila do pão? Amador.
Prince of Persia e Where in the world is Carmen Sandiego? são os únicos games que eu de fato joguei até o final. E mesmo esses por causa de um irmão pequeno que queria companhia. Em um mundo que nos deu Shigeru Miyamoto e Hideo Kojima, isso não fala muito bem de mim, mas paciência. Fazemos o que dá nessa vida.
Tetris era o equivalente ao Candy Crush da época. A gente ainda não tinha celulares mas era aquele joguinho que a gente abria quando queria matar um tempinho entre uma coisa e outra. Tudo assim mesmo, no diminutivo. Haters em 3, 2, 1…
Eu gostava de jogos mas não o suficiente para ser minimamente boa em nenhum deles. Depois descobri, já com filho quase adulto, que o que de fato me atrai é o visual. Sim, eu sei, ó que surpresa.
Começo a jogar algo, inclusive jogos de tabuleiro antigos, e meu cérebro vai rapidamente para a teoria dos jogos, o design de interface, a análise de jogabilidade, a paleta de cores utilizada, o ritmo das divisões ou a diagramação do tabuleiro. Adoro entender a interface, ver as cutscenes, a construção de personagens, essas coisas.
Ou seja, não presto a menor atenção ao jogo em si.
Me entedio rapidamente e vem uma sensação horrÃvel de perda de tempo, de estar jogando minha vida fora. Sim, eu percebo o quanto isso está relacionado com a minha agenda. Eu tenho espelho em casa.
Não gosto de esperar, de desperdiçar tempo ou energia. Algo relacionado com a consciência da morte, mas vou poupar vocês. Ninguém merece uma finitude assim, de repente, em plena quinta-feira.
Abro novamente o Google Calendar, de quem sou escrava, e me pergunto como que eu ainda tenho o réu primário. São várias agendas sincronizadas, com cores diferentes para cada tipo de evento (pessoal, aula, etc.).
Não, não é o castigo de SÃsifo. Certamente é Iansã que tomou conta do meu computador. Na rinha de deuses entre SÃsifo e Iansã, eu aposto na Iorubá, fácil.
Epa Heyi Oiá e que chegue abril.