Menina
sonhava de pé descalço
os cardápios de minha terra
imensidão de mar acontecendo
areia amiga
saudade quando vem eu espanto
com aquela lembrança de sol
e água transparente:
tristeza é de não abraçar
minha vó, galho de planta na mão,
rezando baixinho e humilde:
o que for ruim
que leve a maré de vazante
Ô de casa
já tive o que chamam
olhar de versos.
sentia na boca
o gosto azul das balaustradas
o vento
sábados em plena segunda
sei que tive
porque guardo cá comigo
pequenos souvenirs:
uma palavra maybe meio bamba,
uma miniatura tão amarela que quase brilha
se o silêncio cresce,
bato na porta,
chamo alto, faço alarde.
lá no fundo a voz que quero responde:
já vai
2020
novos jeitos de estar perto
ainda são longe
e a pele?
o que é feito dela,
agora sem vez,
nesses tempos estranhos?
tantos anos e nenhum
ensinou a esquecer a pele,
esse oceano de matéria
que ainda espera um toque
não previsto no novo jeito
de estar perto
que ainda é longe
nesses tempos estranhos
o que é que consola a pele?