Poemas de Charles Olson

Leia os poemas traduzidos "As pernas cruzadas, a aranha e a teia", "31 de maio, 1961", "Em Yorktown", "Moonset, Glocester, December 1, 1957, 1:58 AM"
july 20, 1967, making case for parsons/morse house before city council. charles a. lowe photo
27/11/2018

Tradução e seleção: André Caramuru Aubert

Cross-Legged, the Spider and the web

with this body worship her
if necessary arrange
to sit before her parts
and if she object as she might
ask her to for your sake to cover
her head but stare to blindness
better than the sun look until
you know look look keep looking until
you do know you do know

As pernas cruzadas, a aranha e a teia

Com este corpo venerá-la
se necessário dar um jeito
de sentar junto às suas partes
e se ela reclamar, como fará
pedir a ela que por você cubra
a cabeça mas encare a cegueira
melhor do que o sol olhe até que
você saiba olhe olhe fique olhando até
que você saiba que você saiba

…..

May 31, 1961

the lilac moon of the earth’s backyard
which gives silence to the whole house
falls down
out of the sky
over the fence

poor planet
now reduced
to disuse

who looks so big
and alive
I am talking to you

The shades
on the windows
of the Centers’
place
half down
like nobody else’s
lets the glass lower halves
make quiet mouths at you

lilac moon

old backyard bloom

31 de maio, 1961

a lua lilás do quintal da terra
que leva silêncio para a casa toda
vai caindo
lá do céu
por cima da cerca

pobre planeta
agora reduzido
ao desuso

quem se parece tão grande
e vivo
estou falando com você

As sombras
nas janelas
do lugar
Central
meio caídas
como ninguém mais
deixe as metades inferiores do vidro
se fazerem de bocas caladas para você

lua lilás

velho quintal florido

…..

At Yorktown

1.
At Yorktown the church
at Yorktown the dead
at Yorktown the grass
are live

at York-town the earth
piles itself in shallows,
declares itself, like water,
by pools and mounds

2.
At Yorktown the dead
are soil
at Yorktown the church
is marl
at Yorktown the swallows
dive where it is greenest,

the hollows
are eyes are flowers, the heather,
equally accurate, is hands
at York-town only the flies
dawdle, like history,
in the sun

3.
at Yorktown the earthworks
braw
at Yorktown the mortars
of brass, weathered green, of mermaids
for handles, of Latin
for texts, scream
without noise
like a gull

4.
At Yorktown the long dead
loosen the earth, heels
sink in, over an abatis
a bird wheels

and time is a shine caught blue
from a martin’s
back

Em Yorktown

1.
Em Yorktown a igreja
em Yorktown os mortos
em Yorktown a grama
estão vivos

em York-town a terra
empilha-se em alagadiços,
proclama-se, como água,
junto a lagoas e montanhas

2.
Em Yorktown os mortos
são o solo
em Yorktown a igreja
é fértil calcário
em Yorktown as andorinhas
mergulham onde está mais verde,

os ocos nas árvores
são olhos são flores, o alecrim,
igualmente exato, é mãos
em York-town somente as moscas
ficam vadiando, como história
sob o sol

3.
em Yorktown os belos
aterros
em Yorktown os pilões
de bronze, de verde curtido, de alças
de sereia, de latim
para os textos, berram,
sem fazer barulho,
como uma gaivota

4.
Em Yorktown os que há muito, mortos
afofam a terra, calcanhares que
afundam, sobre uma barricada
um pássaro rodopia

e o tempo é um brilho que capturou o azul
das costas de uma
andorinha

…..

Moonset, Glocester, December 1, 1957, 1:58 AM

Goodbye red moon
in that color you set
west of the Cut I should imagine
forever Mother

After 47 years this month
a Monday at 9 AM
you set I rise I hope
a free thing as probably
what you more were Not
the suffering one you sold
sowed me on Rise
Mother from off me
God damn you God damn me my
misunderstanding of you

I can die now I just begun to live

A lua se pondo, Glocester, 1 de dezembro de 1957, 1:58 da madrugada

Adeus, lua vermelha
naquela cor em que você se vai
a oeste do Corte eu devo imaginar
para sempre Mãe

Depois de 47 anos neste mês
uma segunda-feira às 9 da manhã
você se põe eu nasço eu creio
algo livre como provavelmente
o que mais você Não era
o sofrimento, o que você vendeu
me semeou no Nascente
Mãe que saiu de mim
Maldita seja você, Maldito seja eu, aquilo
que entendo errado sobre você

Eu posso morrer agora eu apenas comecei a viver

…..

The ring of

it was the west wind caught her up, as
she rose
from the genital
wave, and bore her from the delicate
foam, home
to her isle

and those lovers
of the difficult, the hours
of the golden day welcomed her, clad her, were
as though they had made her, were wild
to bring this new thing born
of the ring of the sea pink
& naked, this girl, brought her
to the face of the gods, violets
in her hair

Beauty, and she
said no to zeus & them all, all were not or
was it she chose the ugliest
to bed with, or was it straight
and to expiate the nature of beauty, was it?

knowing hours, anyway,
she did not stay long, or the lame
was only one part, & the handsome
mars had her And the child
had that name, the arrow of
as the flight of, the move of
his mother who adorneth

with myrtle the dolphin and words
they rise, they do who
are born of like
elements

O anel de
foi o vento oeste quem a tomou, quando
ela se ergueu
da onda
genital, e a carregou da espuma
delicada, lar
para sua ilha

e aqueles amantes
da dificuldade, as horas
do dia dourado deram-lhe boas-vindas, vestiram-na, era
como se a tivessem criado, eram selvagens
a trazer este recém-nascido
do anel do mar rosada
& nua, esta menina, levaram-na
para diante dos deuses, violetas
em seu cabelo

A beleza, e ela
disse não para zeus & todos os outros, nenhum era ou
foi que ela escolheu o mais feio
para ir junto para se deitar, ou terá sido direto
e para expiar a natureza da beleza, seria isso?

sabendo das horas, porém,
ela não se prolongou ali, ou o coxo
era apenas uma parte, & e o belo
marte a teve E a criança
recebeu aquele nome, a flecha de
enquanto o voo de, o mover-se de
sua mãe que adorna

com murta o golfinho e palavras
eles crescem, eles sim que
são nascidos de elementos
semelhantes

Charles Olson (1910-1970)
André Caramuru Aubert

Nasceu em 1961, São Paulo (SP). É historiador formado pela USP, editor, tradutor e escritor. Autor de Outubro/DezembroA vida nas montanhas e Cemitérios, entre outros.

Rascunho