Poemas de Cesar Garcia Lima

Leia os poemas "O cervo na planície gelada", "Segundo São João" e "O silêncio de Cristo"
01/07/2020

O cervo na planície gelada

Respire, amigo.
Esqueça que mora no corpo
e descanse
a alma intranquila.
Conversemos sobre o agora.
Deixe o medo perder
a força.
O espírito se eleva.
O tempo não tem portas.
Erga o olhar até o sol.
Abrace o silêncio.
Retorne.
A insônia abre caminho
Para o cervo
Em meio à planície gelada.
A ajuda não tarda.

……………..

Segundo São João

O amor da minha vida
se mudou para o deserto
e sequer tenho seu endereço.
Agora quero trocar os móveis
e outro dia
sonhei com sua cabeça
em uma bandeja de plástico.
Acordei sem os poderes de Salomé.

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O silêncio de Cristo

Buscar
inutilmente
o texto de Simone Weil sobre Cristo
nesta semana eclipsada
entre o ser tentado
e o ser crucificado

Pensar
no Cristo como exemplo
ou contraexemplo
no seu silêncio
ao não defender a si próprio
diante de Pilatos
e seus argumentos de conveniência

Perceber a eloquência de quem cala.

Cesar Garcia Lima

Nasceu em Rio Branco (AC), em 1964. Autor dos livros de poemas Águas desnecessárias (1997), Este livro não é um objeto (2006) e Trópico de papel (2019). Professor de literatura e jornalista, dirigiu o documentário Soldados da borracha (2010).

Rascunho