Atília Zonetti
da Hoje & Sempre, em Brasília
BRASÍLIA — O Conselho Nacional de Literatura Feminina (CNLF) recebeu ontem a liberação de R$ 1,4 milhão destinados ao desenvolvimento de seu Plano de Ação 2005. Tendo avaliado o relatório das atividades do Conselho (que atua desde 2002), o ministro de Assuntos de Gênero, Ivo Brile, prontamente liberou a verba, declarando estar “impressionado não só com as atividades do Conselho, mas também com a qualidade redacional do documento, apresentado no melhor estilo de literatura feminina universal”.
O CNLF conta hoje com 27.800 filiadas, em sua maioria profissionais escritoras que representam a força da literatura feminina em nosso país. Assim, a viabilização de seu Plano de Ação pelo Ministério representa uma grande vitória para a literatura feminina, como confirma Helonilda Gladys Furacco, atual presidente do CNLF: “Obtivemos finalmente reconhecimento oficial de nossa importância sociopsicológica, e sem manobras parlamentares, é bom que se saiba! Agora é fazer valer as regras que nos orientam”. Furacco, emocionada quando do encontro com o ministro, chorou ao fazer a declaração. Depois, mais calma, concordou em nos conceder entrevista exclusiva. (Veja box)
Esta vitória por parte do CNLF mostra que as distorções da nossa sociedade, de perfil eminentemente patriarcal, vêm sendo, aos poucos, corrigidas. Num país onde a leitura é uma verdadeira paixão nacional, vê-se como medida importante este reconhecimento efetivo da voz feminina, já que milhões são gastos a cada ano no fomento indiscriminado à literatura masculina (a qual, inclusive, parece não vir correspondendo ao incentivo recebido). No gesto do ministro, vemos portanto, a reparação de uma conduta injusta, que vinha tolhendo a produção da literatura feminina nacional.