Nesse último domingo houve o lançamento do meu novo livro com Ivo Minkovicius: Prédios. Mas não vou falar sobre o livro, e sim sobre lançamentos, porque, entre um jamegão e outro, me vieram à cabeça muitos dos que já fiz por aí, “nos bailes da vida ou num bar, em troca de pão”.
O meu primeiro foi em maio de 1994. Eu já tinha feito alguns curtas-metragens e, como a turma do cinema é muito unida, apareceu um monte de gente para o lançamento de O Chalaça. Não estava frio, mas fiz questão de vestir meu único blazer. E suei um bocado. Pelo blazer e porque me senti obrigado a fazer uma dedicatória especial para cada pessoa, o que me deixou um bocado nervoso. E a fila, interminável.
Eu ainda não havia aprendido o segredo da “dedicatória genérica”. Mas, quando me caíram nas mãos autógrafos de gente graúda, como Drummond e Guimarães Rosa, vi que eles recorriam a simplérrimos “Cordialmente” ou “Com um abraço”. Então pensei: “Se os bambambãs podem fazer um autógrafo sem criatividade, eu, um Zé Mané, tenho mais direito ainda”.
Isso me ajudou muito alguns anos depois, no meu maior lançamento, o de Santos, um time dos céus, numa pizzaria em São Paulo. Foram mais de cem! Naquela noite, abusei de “Com um abraço alvinegro” e “Espero que seu time seja campeão”.
Por outro lado, houve um lançamento de Terra Papagalli em que não apareceu uma única viva alma. O dono do lugar ficou tão envergonhado que ele mesmo comprou um exemplar e pediu que eu o autografasse.
Acho interessante quando há alguma criatividade no lançamento. No de Branca de Neve e as sete versões, minha mulher se vestiu de bruxa e distribuiu maçãs (que as crianças aceitaram sem pestanejar). No de Os oito pares de sapatos de Cinderela, meu irmão Dirceu se fantasiou de príncipe e colocou sapatinhos em dezenas de meninas (levamos um modelo grande, que servia em todas). Num, houve a luxuosa leitura de trechos por Denise Fraga. Noutro, um show de música com Fernando Salem. No de As bibliotecas fantásticas, aproveitei para fazer minha festa de 60 anos com bolo, bexigas e brigadeiros.
No fim das contas, já fiz lançamentos em livrarias gigantescas, em livrarias pequeninas, em cervejarias, em pizzarias, numa chocolateria (hummm…), em feiras literárias, pela internet (na pandemia) e até na sagrada Vila Belmiro (um sobre o Santos, é claro).
Metade foi um fracasso. Metade teve um razoável sucesso. E os dois casos me lembram velórios: Aqueles em que não aparece ninguém, porque têm longos silêncios, nos quais você pensa se está fazendo a coisa certa na vida.
Já nos que têm bom público, você mata a saudade de vários amigos que não encontrava havia tempos. E esses velórios sem defuntos estão entre os melhores momentos na vida de um escritor.